Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto quer encontrar um substituto para ocupar o lugar de Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo o mais rápido possível e tentar estancar a crise causada pela saída do ministro, mas o nome só deverá ser anunciado na próxima semana, disseram à Reuters fontes palacianas.
Nomes como o do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), e o do secretario-executivo do Programa de Parcerias de Investimento, Moreira Franco -outro dos amigos mais próximos do presidente Michel Temer- foram aventados, assim como o do assessor especial da Presidência, Rodrigo Rocha Loures. Mas não há ainda nenhuma decisão.
"O presidente está conversando com muita gente, mas ainda não tem uma decisão. Não sai hoje", disse uma das fontes. Uma das questões sendo analisadas é o impacto que a mudança de ministro pode ter nas votações no Congresso.
Temer antecipou sua viagem a São Paulo para o início da tarde e vai passar o final de semana em conversas com aliados para tentar definir um nome já para o início da semana, quando há votações importantes no Congresso. Nesta sexta-feira, almoça com a cúpula do PSDB, mas a conversa estaria marcada mesmo antes da saída do agora ex-ministro.
Geddel pediu demissão nesta sexta-feira, depois da revelação de que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero depôs à Polícia Federal confirmando as acusações de que teria sido pressionado para liberar a construção de um prédio em Salvador onde Geddel tem um apartamento. Em seu depoimento, Calero envolveu também o presidente Michel Temer, acusando-o de ter também feito pressão.
Apesar do jeito estourado, e por vezes agressivo, Geddel tinha bom trânsito na Câmara, e era bem quisto pelos deputados. Na última terça-feira, líderes da base governista na Câmara foram ao Palácio do Planalto entregar em mãos ao então ministro uma carta de apoio contra as denúncias de Calero.
O Palácio do Planalto fica sem o ministro responsável pela articulação política, especialmente encarregado de receber parlamentares e resolver os problemas de nomeações e liberações de emendas que muitas vezes emperram as votações. Isso ocorre dias antes de o Congresso analisar matérias importantes para o governo.
Na próxima terça-feira, o Senado vota o primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o teto de gastos. Nos próximos dias, o Planalto planejava também começar a negociação com os líderes para enviar ao Congresso a reforma da Previdência.
Além disso, o Planalto está em meio a uma disputa na sua base pela presidência da Câmara, com Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentando se viabilizar juridicamente para ser reeleito, enquanto o centrão se divide para apresentar candidatos. Enquanto o presidente mantém uma distância protocolar da disputa, Geddel fazia o papel de mediador, mas atuava em favor de Maia, nome mais interessante para o governo por, até agora, ter ajudado a facilitar projetos importantes para o Planalto.