Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto tenta minimizar o impacto da greve geral convocada pelas centrais sindicais para esta sexta-feira, mas fontes governistas admitem que o movimento deve ser maior do que o do mês de março e teme a ação de grupos violentos, especialmente no final do dia.
Durante a quinta-feira, em uma série de reuniões, o governo tentou avaliar o tamanho que as manifestações devem atingir, mas fontes palacianas admitem que é difícil avaliar o impacto exato.
"É um movimento muito centrado no transporte público nas grandes cidades para ter uma adesão maior", disse uma das fontes. A estratégia, identificada pelos serviços de inteligência do governo federal, foi a mesma usada em março.
"A estratégia que foi detectada é de que estão forçando uma paralisação para criar um feriadão e o não comparecimento ao trabalho, o que daria uma impressão maior que a realidade", disse uma segunda fonte. "E pode ter um processo de radicalização maior no final da tarde, com grupos mais violentos."
Trabalhadores de dezenas de categorias anunciaram adesão à greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência, segundo entidades sindicais, que prometem uma enorme paralisação nacional em protesto contra projetos considerados prioritários pelo governo do presidente Michel Temer.
Mesmo avaliando que há uma tentativa de forçar um movimento maior do que o real, há quem admita no governo que a paralisação será maior do que o esperado.
"Não é bom, a gente sabe que vai causar tumulto, mas a manifestação é livre, é democrática, e o governo tem que lidar", disse outra fonte.
A preparação para a manifestação na Esplanada dos Ministérios também mostra que o governo tem uma expectativa maior do que demonstra. O Palácio do Planalto foi cercado de grades, assim como o Congresso Nacional. Temer vai acompanhar os protestos de lá.
As duas vias da Esplanada serão fechadas para o trânsito. Dezenas de militares da Polícia do Exército estão lotados no Planalto para garantir a segurança.
A Força Nacional foi convocada pelo Ministério da Justiça para fazer a segurança dos ministérios e, na tarde de ontem, dezenas de equipamentos estavam sendo preparados no estacionamento do ministério. Alguns dos edifícios, como o do Ministério da Agricultura, foram cercados por tapumes de madeira.
Nos últimos dias, o presidente Michel Temer e alguns de seus auxiliares conversaram com representantes das centrais sindicais mais próximas ao governo, como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) para tentar diminuir à adesão das centrais ao movimento, mas sem sucesso.
De acordo com uma das fontes, a intenção era conversar, e não esvaziar o movimento. "É um grupo que é contrário a todas as reformas, não vai mudar de opinião. Eles defendem interesses específicos que são afetados", disse a fonte.
O governo também tenta diminuir a participação dos funcionários públicos federais, normalmente um dos grupos mais organizados em Brasília, determinando o corte de ponto para quem faltar ao trabalho.
"Vai ser seguida a determinação do Supremo Tribunal Federal", disse uma das fontes. No final de 2016, uma decisão do STF autorizou o corte de ponto e desconto dos dias parados dos funcionários públicos em greve.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)