Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto vai usar os próximos dias para levantar caso a caso a situação dos partidos e deputados que votaram contra o governo na reforma trabalhista e tentar reverter votos contrários, mas já admite estender "por alguns dias" o cronograma da reforma da Previdência para não correr riscos, disseram à Reuters fontes palacianas.
A avaliação do Planalto é que os votos obtidos na quarta-feira com a reforma trabalhista, 296, somados a ausências de deputados da base, seriam suficientes para alcançar os 308 necessários. Mas uma das fontes admite que é preciso garantir mais do que isso.
"Na prática, com os votos que teve ontem, o governo tem capacidade de trabalhar para manter todos porque são votos que têm tendência a votar pelas reformas", disse a fonte. "Mas tem que fazer um trabalho de identificação e de convencimento, o que vai ser feito nos próximos dias."
O próprio presidente Michel Temer deve entrar nas conversas, em casos específicos e, segundo a fonte, admite atrasar o cronograma por alguns dias, se for preciso.
"Se for necessário o atraso de alguns dias, pode acontecer. Nada muito longo, mas o suficiente para garantir chegarmos ao plenário com os votos", disse a fonte.
Ao ser derrotado na primeira votação da urgência para a reforma trabalhista, o Planalto avisou que as negociações com os partidos da base iriam endurecer dali para frente. Nos dias seguintes, o governo negociou cargos e nomeações, mas nem tudo se reverteu em votos.
O PTN, por exemplo, recebeu a presidência da Fundação Nacional da Saúde, mas entregou apenas um voto a mais do que na votação da urgência da reforma. "Aí tem que ver o que eles querem. Vamos ter que conversar, porque assim não pode ser", disse a fonte.
Em relação ao PSB, que fechou questão contra as reformas mas faz parte da base do governo, a análise é que não se deve conseguir mais do que a votação de quarta-feira. O partido rachou, e deputados que votaram com o governo podem ser punidos.
"Não tem como melhorar muito. O governo vai tentar proteger de alguma forma os que apoiaram", disse a fonte.
Depois de saber da decisão do PDT de expulsar o deputado Carlos Cadoca (PE) por ter votado pela reforma, Michel Temer conversou com o parlamentar.
Mesmo os votos favoráveis à reforma trabalhista, no entanto, podem não representar automaticamente apoio à proposta previdenciária, que é mais polêmica e enfrenta mais resistência na população.