Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto atribuiu a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima -um dos homens mais próximos ao presidente Michel Temer- à tentativa do Ministério Público de "criar fatos" para aumentar a pressão sobre os deputados, que terão de aceitar ou não a denúncia contra o presidente, disseram à Reuters fontes palacianas.
De acordo com um auxiliar presidencial, a prisão de Geddel já estava "precificada" com o mercado e não chegou a ser uma surpresa. O próprio ex-ministro já acreditava que isso poderia acontecer, tanto que tentou evitar a prisão entregando seu passaporte e abrindo seus sigilos fiscal e telefônico ao STF.
"É uma estratégia de pegar pessoas próximas ao governo. Estão tentando criar fatos para alimentar essa pressão em cima dos deputados", disse uma fonte.
Esta semana, começa o processo para analisar a aceitação ou não da denúncia contra Temer pela Câmara dos Deputados. O governo teme que a prisão de Geddel possa ser só o começo da pressão sobre os deputados.
Nos últimos meses, Temer viu, além de Geddel - um de seus amigos mais próximos-, o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também um dos nomes de sua confiança, serem presos. Moreira Franco, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, os homens fortes do Planalto, também estão sendo investigados na Lava Jato.
Entre seus ex-assessores especiais, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures está em prisão domiciliar por ter negociado e recebido propina da empresa JBS (SA:JBSS3), enquanto Tadeu Filipeli também foi preso por ter recebido propina nas obras da Copa do Mundo em Brasília.
Apesar da base ampla que possui, teoricamente, na Câmara, o governo ainda não tem garantia total de votos e incrementou a negociação com parlamentares para tentar que o relatório na Comissão de Constituição e Justiça já seja contrário ao recebimento da denúncia.