Por William James e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A Câmara dos Lordes do parlamento britânico infligiu uma derrota ao governo de Theresa May nesta quarta-feira, ao votar uma mudança para que a primeira-ministra possa dar início às negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia somente se prometer proteger os direitos de cidadãos da UE.
A derrota é um golpe para a primeira-ministra, que esperava ter seu projeto de lei do Brexit aprovado sem mudanças, e adiará a data mais próxima em que ela poderá lançar formalmente o processo de saída do Reino Unido da União Europeia para cerca de 13 de março.
No entanto, seu plano para começar as negociações antes do fim de março permanece nos trilhos e fontes de seu governo disseram que May vai lutar para superar a derrota quando as mudanças forem apresentadas na Câmara dos Comuns, onde seu partido tem maioria.
A Câmara dos Lordes teve 358 votos a favor ante 256 contra a proposta de fazer uma emenda para o Projeto de Lei (Notificação de Saída) da União Europeia.
A mudança exige que o governo publique propostas sobre como proteger os cidadãos da UE que atualmente moram no Reino Unido – incluindo seus direitos de residência – dentro de três meses do início do processo de saída definido pelo Artigo 50 do Tratado de Lisboa.
A derrota desta quarta-feira foi orquestrada pelos partidos opositores Liberal Democrata e Trabalhista.
“O Partido Trabalhista acredita que os cidadãos da UE não devem ser usados como moeda de barganha nas negociações do Brexit”, disse o porta-voz do partido para o Brexit, Keir Starmer.
“Há um consenso crescente de que isto deve ser resolvido antes que o Artigo 50 seja acionado e a primeira-ministra está agora cada vez mais isolada”.
Embora May tenha dito que deseja garantir os direitos dos cidadãos da UE, ela não estava preparada para fazê-lo até que outros Estados-membros concordassem com um acordo recíproco.
“Estamos decepcionados que os Lordes tenham escolhido emendar um projeto que os Comuns aprovaram sem emendas”, disse uma porta-voz do departamento do Brexit em um comunicado.
“Nossa posição sobre os cidadãos da UE tem sido repetidamente esclarecida. Nós queremos garantir os direitos dos cidadãos da UE que morem no Reino Unido e os direitos de britânicos que vivam em outros Estados-membros assim que pudermos.”