Por Steve Holland e Alana Wise
WASHINGTON (Reuters) - A pneumonia da candidata presidencial democrata Hillary Clinton, mantida em segredo até ela quase sofrer um desmaio no domingo, trouxe um elemento de incerteza sobre sua saúde nas últimas semanas da campanha eleitoral e pode dar combustível para uma narrativa do rival Donald Trump sobre sua resistência.
No domingo a campanha de Hillary foi obrigada a admitir que a candidata de 68 anos foi diagnosticada com pneumonia na sexta-feira, depois de se queixar de alergias e ser vista tossindo repetidamente nos últimos dias.
A revelação da pneumonia foi feita depois de sua campanha dizer que ela "sentiu muito calor" para explicar por que ela foi retirada às pressas, instável e de joelhos trêmulos, de uma cerimônia em lembrança dos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York.
Mais tarde, o doador e arrecadador democrata Bill Bartmann recebeu ligações de cerca de meia dúzia de correligionários preocupados com a repercussão do episódio, que segundo ele decidiram esperar para ver como as coisas se desenrolam.
Para os democratas, o incidente também despertou alguns temores familiares com a inclinação de Hillary para o sigilo em meio a um debate ainda em andamento sobre seu uso de um servidor de e-mails particular quando atuou como secretária de Estado dos Estados Unidos do presidente norte-americano, Barack Obama, entre 2009 e 2013.
"Já temos Donald Trump divulgando teorias conspiratórias de saúde para começar, então sempre que algo dá sequer uma aparência de credibilidade a essa conspiração, precisa ser desmoralizado na hora", disse o estrategista democrata Bud Jackson.
O assunto também criou pressão para que tanto Hillary quanto seu adversário republicano Trump tranquilizem os eleitores dos EUA a respeito de sua saúde dadas as exigências da campanha presidencial, na qual muitas vezes não se come bem, o sono é escasso e o cronograma apertado e as viagens constantes criam estresse.
"A turbulência de curto prazo terá mais a ver com a maneira de lidar com isso do que à sua substância, embora eu tenha certeza de que os dois candidatos serão pressionados a ser mais francos sobre seu estado de saúde", opinou David Axelrod, ex-conselheiro de Obama.
Mais tarde no domingo, a campanha de Hillary cancelou uma viagem da ex-primeira-dama à Califórnia, agendada para a manhã desta segunda-feira.
O problema de saúde foi o golpe mais recente em Hillary, já que Trump vem anulando a maior parte de sua dianteira nas pesquisas de opinião de voto e volta a ser competitivo em muitos Estados sem preferência partidária nos quais é provável que a eleição de 8 de novembro seja decidida.
(Reportagem adicional Amanda Becker in Chappaqua, Nova York, Luciana Lopez em Nova York e Emily Stephenson, Richard Cowan e Jeff Mason em Washington)