Por Belén Carreño
MADRI (Reuters) - O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, enfrentou sua primeira grande crise nesta sexta-feira, quando aliados políticos retiraram seu apoio ao plano de orçamento do governo, uma manobra que cria novas dúvidas sobre a estabilidade política do país.
Só 88 membros do Parlamento votaram a favor da proposta do governo socialista para suavizar a abordagem de redução do déficit – 173 votaram contra e 86 se abstiveram. Três deputados não participaram da votação.
O governo de Sánchez, que só controla 84 cadeiras no Parlamento de 350 assentos, não consegue aprovar o orçamento completo sem os partidos que o ajudaram a chegar ao poder em junho, quando estes apoiaram uma moção de censura contra seu antecessor conservador.
Se Sánchez não conseguir fazê-lo, sua gestão frágil de dois meses pode passar a ser questionada.
O governo se reuniu com alguns dos sete partidos que o apoiam na legislatura na quinta-feira no gabinete do premiê, mas as posições eram díspares demais para se chegar a um acordo, disseram fontes a par das conversas.
Uma das desavenças disse respeito à resistência dos socialistas para iniciar um inquérito sobre reportagens que trataram de negócios do ex-rei Juan Carlos com empresas em paraísos fiscais, disseram quatro fontes.
O escritório do rei não quis comentar as reportagens à Reuters, que não conseguiu verificá-las de forma independente.
Uma das fontes disse que o Podemos também pressionou por metas de déficit mais amenas e mais gastos no orçamento da quarta maior economia da zona do euro, ideias que o gabinete rejeitou.
No final da quinta-feira Sánchez admitiu que poderia perder a votação, mas manteve a posição de não antecipar a eleição nacional prevista para meados de 2020.