Por Linda Sieg e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, negou nesta quarta-feira que interveio para garantir um tratamento preferencial a um plano de um amigo para abrir uma escola veterinária, apesar de novas reportagens segundo as quais ele debateu o tema com o amigo.
O índice de aprovação de Abe foi abalado por vários escândalos de possíveis favorecimentos e acobertamentos, e uma série constante de novas alegações está provocando dúvidas sobre quanto tempo ele consegue permanecer no poder.
Um dos escândalos envolve a suspeita de que Abe ajudou um amigo, Kotaro Kake, diretor da operadora de escolas Kake Gakuen, a abrir uma escola veterinária em uma zona econômica especial isenta de uma regra que limita o número de tais estabelecimentos.
Abe negou ter instruído autoridades a darem um tratamento preferencial para a inauguração da primeira escola veterinária japonesa em mais de 50 anos.
Nesta quarta-feira o premiê repetiu a uma comissão parlamentar sua afirmação de que só tomou conhecimento da proposta de Kake quando ela foi aprovada, em janeiro de 2017.
Ele respondia a perguntas depois que a mídia citou, nesta semana, um memorando de 2015 da municipalidade de Ehime, onde a escola acabou sendo aberta em uma zona de desregulamentação designada pelo governo, segundo o qual Kake e Abe trataram da proposta durante uma refeição.
"Ninguém recebeu instruções minhas. Não houve problema com o processo (de aprovação)", disse Abe à comissão parlamentar em resposta a uma pergunta sobre o memorando.
Indagado repetidamente se ao menos teve conversas casuais sobre o plano com Kake, Abe respondeu que seu amigo nem o consultou nem lhe pediu favores.
"Ele disse que queria encarar um novo desafio, mas jamais discutimos detalhes", afirmou Abe.
O caso da escola veterinária, que emergiu no ano passado, é um de vários possíveis escândalos de favorecimentos e acobertamentos que estão erodindo a aprovação de Abe, que almeja um terceiro mandato como líder do governista Partido Liberal em uma votação em setembro.
Uma vitória na eleição partidária colocaria Abe, que assumiu em 2012, a caminho de se tornar o premiê japonês há mais tempo no cargo.
Ele também negou que ele ou sua esposa tenha interferido na venda de terras estatais com grande desconto a outra operadora de escolas, Moritomo Gakuen, que tem ligações com sua esposa, Akie – o Ministério das Finanças admitiu ter adulterado documentos relacionados ao acordo.