PARIS (Reuters) - O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, disse a parlamentares nesta terça-feira que é hora de acabar com o vício do país em gastos públicos e conter as dívidas, que afirmou estarem em um nível inaceitável.
O novo presidente francês, Emmanuel Macron, vê a contenção de gastos e a redução do déficit orçamentário como essenciais para conquistar a confiança da Alemanha, sua parceira na União Europeia, e persuadir Berlim a embarcar em reformas no bloco.
Na semana passada o auditor independente da França revelou uma insuficiência de mais de 8 bilhões de euros de financiamento para o orçamento deste ano, prevendo um déficit mais uma vez acima do teto de 3 por cento da renda nacional estabelecido pela UE.
"Os franceses estão viciados no gasto público. Como todos os vícios, ele não resolve nenhum dos problemas que deveria amenizar, e como todos os vícios ele exige disposição e coragem para uma desintoxicação", disse Philippe, sob aplausos, à Assembleia Nacional.
O premiê disse que a Alemanha gastou 98 euros de cada 100 que arrecadou em impostos, enquanto a França gastou 125 euros de 117 obtidos da mesma maneira.
"Quem acredita realmente que esta situação é sustentável?"
Philippe afirmou que seu objetivo é colocar o déficit abaixo do teto da UE neste ano e que terá a meta de reduzir os gastos públicos em 3 por cento da renda nacional ao longo de cinco anos, ao mesmo tempo reduzindo em 1 por cento a parcela de impostos absorvida pelo governo durante o mesmo período.
Segundo ele, os impostos corporativos serão reduzidos gradualmente, de 33,3 por cento agora para 25 por cento até 2022.
O partido novato A República em Marcha (LREM, na sigla em francês) de Macron obteve uma maioria confortável na Assembleia Nacional, e o líder francês mais jovem desde Napoleão explicitou sua impaciência para completar a reformulação do cenário político que ele mesmo iniciou.
Em seu discurso aos parlamentares das duas câmaras no Palácio de Versalhes na segunda-feira, o ex-banqueiro de investimento disse à França que é hora de se preparar para mudar, e em seu discurso Philippe detalhou as altas ambições de Macron.
(Da redação de Paris)