Por Crispian Balmer e Antonella Cinelli
ROMA (Reuters) - O primeiro-ministro indicado da Itália, Paolo Gentiloni, anunciou o seu governo nesta segunda-feira, deixando quase todos os ministros anteriores no cargo num sinal de continuidade com o objetivo de tranquilizar o mercado financeiro.
Contudo, o pequeno partido de centro-direita que apoiava o premiê anterior, Matteo Renzi, disse que pode não fechar com o novo governo, gerando dúvidas se Gentiloni terá os assentos no Parlamento para formar uma maioria.
Numa rápida transferência de poder após a saída de Renzi, que deixou o cargo na semana passada após perder um referendo sobre reforma constitucional em 4 de dezembro, Gentiloni levou apenas um dia para formar a sua equipe de ministros.
Entre os reconfirmados nos seus postos estava o ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, que supervisiona os esforços do Tesouro para evitar que o terceiro maior banco italiano, Monte dei Paschi di Siena, quebre por conta de empréstimos ruins.
Muitos outros ministros importantes, incluindo os que cuidam da Defesa, Indústria, Saúde e Justiça, permaneceram no mesmo lugar, com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, mantendo a maior parte dos cargos.
Gentiloni era ministro do Exterior no último governo e passou o cargo para Angelino Alfano, antes ministro do Interior.
O novo gabinete prestaria juramento mais tarde nesta segunda-feira, abrindo o caminho para votos de confiança nas duas casas do Parlamento nesta semana, permitindo formalmente que Gentiloni assuma o poder como chefe do 64º governo italiano em apenas 70 anos.
No entanto, a votação no fragmentado Senado passou a ficar marcada pela incerteza quando Denis Verdini, líder do pequeno partido liberal Aliança pelas Autonomias (ALA), disse que o seu grupo não apoiaria Gentiloni no Parlamento se não estivesse suficientemente representado no novo gabinete.
Renzi dependia do apoio de Verdini, que foi um conselheiro próximo do ex-premiê Silvio Berslusconi.
A ALA e a Escolha Cívica, partido próximo, têm 18 senadores. Eles poderiam tirar a maioria de Gentiloni se todos votarem contra o novo premiê. Contudo, se eles se abstiverem, o novo governo deve assumir o poder.
Presumindo que ele ultrapasse esse obstáculo, as principais tarefas de Gentiloni serão elaborar uma nova lei eleitoral. Se essa reforma for finalizada rapidamente, ela poderia abrir caminho para uma eleição na primeira metade de 2017, um ano antes do programado.
A Itália tem diferentes leis eleitorais para as duas casas do Parlamento, e o presidente tem dito que elas precisam ser harmonizadas para tentar garantir um governo sólido nas próximas eleições.
O movimento anti-establishment Cinco Estrelas está pressionando por uma reforma rápida e uma votação o mais rápido possível. Renzi também quer uma eleição antecipada, na esperança de passar por cima dos críticos dentro do PD e se apresentar como candidato a primeiro- ministro pelo partido.
"A próxima eleição, possivelmente em junho, vai ser feita com um sistema de votação proporcional”, afirmou Renzi em entrevista ao Quotidiano.net.
(Reportagem adicional de Isla Binnie e Steve Scherer)