Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira mandados de busca e apreensão pedidos pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em endereços ligados ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira, informou a Procuradoria-Geral da República.
De acordo com a PGR, as buscas foram autorizadas pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), e estão sendo realizadas nos endereços de duas pessoas e na sede das duas empresas ligadas ao parlamentar. Elas visam apurar possível lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública.
"A investigação tem como partida colaborações premiadas de executivos do grupo J&F. Em depoimentos, os colaboradores narraram a compra de apoio político a partidos por meio do político", afirmou a PGR em nota, referindo-se à holding que controla o frigorífico JBS (SA:JBSS3).
"No pedido enviado ao Supremo, a PGR explica que, segundo investigações preliminares, parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais --simuladas-- e outra parte no valor de 5 milhões de reais foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador. No total, teriam sido pagos 42 milhões de reais em propina."
Também em nota, a Polícia Federal confirmou a informação, sem citar Ciro Nogueira nominalmente, e disse que o inquérito apura possíveis crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A operação, batizada de Compensação, mobiliza cerca de 30 policiais federais que cumprem sete mandados de busca e apreensão em Brasília, São Paulo e Teresina. De acordo com a PF, também há intimações para depoimento dos envolvidos.
Em nota, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa Nogueira, disse que as buscas realizadas nesta sexta-feira apenas voltaram a apreender o que já havia sido apreendido e restituído em uma operação anterior.
"A defesa do senador Ciro Nogueira vem denunciar, mais uma vez, o direito penal do espetáculo. O que está sendo apreendido nesta busca e apreensão é o que foi recentemente restituído pelo Supremo Tribunal em virtude de outra operação que não resultou em ação penal, o Supremo rejeitou a denúncia, pois baseada tão somente na palavra de outro delator", disse o advogado.
"Tal constrangimento poderia ser evitado com a simples intimação do senador para prestar esclarecimento pois, é evidente, este sempre se colocou à disposição do Poder Judiciário."