Por Anthony Boadle e Stephen Eisenhammer
BRASÍLIA (Reuters) - Um procurador de Brasília iniciou uma investigação criminal sobre investimentos feitos por dois fundos de pensão estatais em um hotel de luxo do Rio de Janeiro que é parte da franquia Trump, de acordo com um documento apresentado em um tribunal e visto pela Reuters na terça-feira.
O investimento de 130 milhões de reais dos dois pequenos fundos na incorporadora do hotel "exige investigação" devido ao tamanho, à estrutura e ao alto nível de risco, disse Anselmo Lopes, procurador federal da capital, no documento datado de 21 de outubro que deu início ao inquérito.
Lopes disse que o fundo de pensão da estatal Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e o fundo dos funcionários do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins investiram o dinheiro na incorporadora LSH Barra Empreendimentos Imobiliários, que construiu o Trump Hotel Rio de Janeiro.
"Investir valores deste montante, para estes fundos de pensão (relativamente pequenos), viola princípios de diversificação e liquidez", argumentou Lopes no documento.
"É necessário verificar se o favoritismo demonstrado pelos fundos de pensão pela LSH Barra Empreendimentos Imobiliários e pela Trump Organization se deveu a pagamentos ilícitos e propinas", disse o procurador no texto de 15 páginas.
A investigação é parte de um inquérito mais profundo sobre fraudes em fundos de pensão estatais nos quais subornos foram supostamente pagos para garantir investimentos.
A Trump Organization e a LSH Barra Empreendimentos Imobiliários, a única proprietária do hotel, negaram qualquer irregularidade. A Serpro não respondeu a pedidos de comentário.
O Trump Hotel Rio de Janeiro, propriedade à beira-mar com 170 quartos próxima de onde o Parque Olímpico esteve localizado, é administrado pela imobiliária do candidato presidencial republicano norte-americano Donald Trump, embora nenhum dinheiro da Trump Organization tenha sido investido no projeto.