Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O PSB decidiu neste domingo, em Congresso Nacional do partido, por não se coligar formalmente com nenhum candidato na corrida pelo Palácio do Planalto, postura que aponta preferência da sigla por reforçar suas ambições nas disputas estaduais.
Ainda que aprovada pela maioria dos socialistas, a resolução deste domingo pela neutralidade despertou divergências entre alguns de seus integrantes. Representantes dos diretórios do Distrito Federal e Minas Gerais, por exemplo, chegaram a apresentar proposta de apoio ao candidato do PDT, Ciro Gomes, tendência que contava com a simpatia do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Ganhou, no entanto, em votação simbólica, a posição pela neutralidade na disputa nacional, que inclui ainda um veto a qualquer apoio à candidatura do candidato Jair Bolsonaro (PSL).
"Apresentaremos... aos candidatos do campo progressista, de centro-esquerda, a síntese de nossas propostas programáticas que viabilizem um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, democrático e moderno, na verdade parte de uma tarefa civilizacional, sem contudo, celebrar coligação formal com nenhum dos candidatos à Presidência da República", diz a resolução aprovada pelo PSB.
"Nossa decisão de apoiar os candidatos progressistas no primeiro turno das eleições, vetando rigorosamente a qualquer membro ou secção partidária o apoio à candidatura do deputado Jair Bolsonaro, atende ao imperativo democrático de derrotar a candidatura da ultradireita, pelo que ela representa de ameaça à democracia e aos direitos humanos", aponta o documento.
Segundo Siqueira, socialistas poderão apoiar, nos Estados, candidatos ao Planalto, desde que haja "identidade programática" e que o presidenciável não represente "políticas ultraliberais".
A opção do PSB pela neutralidade havia sido antecipada pela Reuters no início do mês, com informação de uma fonte. [nL1N1US1KT]
VIRADA
No início de julho, boa parte do partido —a maioria numérica dos diretórios estaduais— tendia a uma coligação formal com o PDT. A inclinação, no entanto, não contava com a concordância de estados chave para o partido, Pernambuco e São Paulo.
Somadas às pressões desses dois diretórios, movimentações do PT nos últimos dias e o peso que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra no Nordeste, principalmente, mudaram o rumo do partido, que acabou decidindo pela neutralidade.
Em troca, o PSB receberá o apoio dos petistas em pelo menos 5 estados, afirmou uma fonte do partido, e apoiará os petistas em outras unidades da federação. O acordo entre os partidos inclui a retirada da candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco, e da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) em Minas Gerais.
O mineiro, aliás, que no dia em que foi comunicado sobre a decisão de seu partido de retirar sua candidatura soltou nota em que explicitava seu descontentamento, deve ter uma reunião com Siqueira ainda neste domingo para definir se disputará as eleições a outro cargo que não o de governador.
"Processava-se uma negociação com o Partido dos Trabalhadores (PT) para que apoiasse, em vários estados, candidatos a governador, incluindo também eleições proporcionais em alguns estados e essa negociação foi bem sucedida", explicou o presidente do PSB a jornalistas.
"Nós estamos fazendo um acordo de interesse recíproco do PSB e do PT, não estamos submetidos a ninguém", disse Siqueira. "Trata-se de uma decisão de reciprocidade de apoios."
O PSB também tem apoios estaduais já acertados com o PDT em outros estados.
(Edição de Luciano Costa)