BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta terça-feira que o reequilíbrio fiscal do país é o maior desafio neste momento para fazer a economia estabilizar e posicionou-se contrário a novas desonerações como forma de incentivar a atividade.
Barbosa, que participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, disse aos parlamentares que esses ajustes são essenciais para evitar mais aumento de impostos.
"Nosso maior desafio hoje é o reequilíbrio fiscal", afirmou ele, acrescentando que, diante do quadro recessivo no país, está havendo redução real das receitas.
Ao ser questionado sobre o uso de novas desonerações, o ministro disse ser contrário à medida agora, reconhecendo que parte delas foi usada em excesso no passado.
"Esse não é o momento de insistir em desonerações", afirmou Barbosa, acrescentando que o governo poderia pontualmente incentivar alguns setores, mas por meio do Orçamento e com contrapartidas.
Na véspera, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --que entrou em campo para defender a presidente Dilma Rousseff do impeachment-- defendeu que o governo precisa fazer desonerações e adotar outras medidas para que a economia possa voltar a crescer, numa aposta no potencial do mercado interno do país.
Barbosa disse ainda que a inflação tem perdido força no Brasil e que, se esse movimento continuar, "talvez seja possível" a Selic --hoje a 14,25 por cento ao ano-- voltar a cair mais à frente neste ano. Ele reforçou, no entanto, que essa decisão é do Banco Central.
O ministro voltou a defender as propostas de mudança das metas fiscais enviadas ao Congresso Nacional, citando as medidas anunciadas recentemente, que englobam a possibilidade de o governo central (governo federal, Banco Central e INSS) fazer déficit primário de quase 100 bilhões de reais neste ano e até mecanismos de controle de gastos.
Segundo ele, essas mudanças vêm sobretudo das frustrações com receitas, em meio ao cenário de recessão econômica. Por outro lado, o ministro destacou que as expectativas de inflação estão recuando e, diante disso, espera que possa fechar o ano dentro da meta do governo.
(Reportagem de Alonso Soto; Texto de Patrícia Duarte)