LA PAZ, 21 Fev(Reuters) - Os bolivianos foram às urnas neste domingo em um referendo que vai decidir se o presidente Evo Morales pode permanecer no poder por um quarto mandato, com o resultado aparentemente incerto já que o apoio ao líder popular tem diminuído drasticamente.
Morales, atualmente em seu terceiro mandato, quer mudar a constituição para poder concorrer a mais uma reeleição em 2019, o que poderá significar sua permanência no cargo até 2025.
Pesquisas nas últimas semanas mostram Morales com uma leve, mas enfraquecida, liderança na opinião dos eleitores, e uma pesquisa conduzida pelo instituto de pesquisa Equipos Mori na última semana mostrou o "sim" e o "não" empatados, com 11 por cento de pessoas indecisas.
Morales tem crédito por reduzir a pobreza em um dos países mais pobres da América do Sul ao gastar a bonança advinda do gás natural em programas de bem estar social e infraestrutura. Em 2014, ele venceu a reeleição com 61 por cento dos votos. Se ganhar o referendo, poderá dar prosseguimento à sua "Agenda 2025", que inclui a erradicação da pobreza extrema.
Seus apoiadores mais próximos são eleitores como a viúva e mãe de dez filhos Lourdes Alarcon, que afirmou nos últimos anos ter visto novas escolas, saneamento melhorado e ruas pavimentadas em Achocalla, uma área rural nos arredores da capital La Paz. "Existem boas razões para apoiar (o "sim") porque eu acredito que a instabilidade é danosa ao país. Nós queremos mais bons anos e bons projetos", ela disse.
Mas os críticos vêm ganhando força ao responsabilizarem a administração Morales por casos de corrupção, desperdício de dinheiro público e autoritarismo. Denúncias recentes sobre uma ex-namorada cuja empresa conquistou contratos lucrativos com o governo têm pesado bastante contra a popularidade do presidente.
Em um bairro de classe média em um distrito no sul de La Paz, Susana Macias, de 36 anos, disse que votaria "não" como forma de protesto. "Nós sentimos que fomos enganados. As pessoas que nos lideram não são quem pensávamos que eram", disse.
Esta semana, seis pessoas foram mortas em protestos, aparentemente depois que apoiadores de Morales puserem fogo em um escritório da oposição. Mas testemunhas dizem que as pessoas estavam votando pacificamente neste domingo, sem sinais de confusão.
"Parece que será uma disputa muito mais apertada do que qualquer uma que Evo Morales enfrentou desde que se tornou presidente em 2006", disse John Crabtree, analista de política latino-americana na Universidade de Oxford.
Resultados parciais devem ser divulgados logo depois que as urnas forem fechadas às 20h no horário local (21h em Brasília).
(Por Daniel Ramos e Monica Machicao)