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Reforma possível terá idade de aposentadoria menor para mulheres e menos economia

Publicado 18.04.2017, 19:54
© Reuters. Deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência

Por Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Depois de cinco meses de negociação, a proposta de reforma da Previdência apresentada nesta terça-feira altera sete pontos do projeto enviado inicialmente pelo governo, alguns considerados essenciais, como o tempo de contribuição e a idade mínima para mulheres, e reduz em pelo menos 20 por cento a economia planejada para os próximos 10 anos.

No Palácio do Planalto, a análise é de que será feita a reforma possível, mesmo o governo tendo defendido até agora que era preciso fazer a reforma necessária. No entanto, como o próprio presidente Michel Temer admitiu em discursos, se não é possível faze uma reforma para 40 anos, se faça para 20 anos.

No texto apresentado nesta terça-feira para parlamentares da base aliada, o relator Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) incluiu a idade mínima de 62 anos para mulheres, enquanto manteve 65 anos para os homens. O tempo mínimo de contribuição seguiu em 25 anos para ambos. [nL1N1HQ0XJ]

"Se tentou ontem até o último minuto oferecer um tempo menor de contribuição para as mulheres mas manter a igualdade na idade mínima, mas a bancada feminina acredita que a diferença de idade reflete melhor o papel da mulher na sociedade, com jornada dupla, até tripla", disse Oliveira Maia.

Sem condições de abrir mão de qualquer voto na Câmara, o governo cedeu, mais uma vez, em um ponto que não planejava alterar e que nem estava previsto nos primeiros cinco pontos que, há 15 dias, depois de confirmar que não teria como aprovar a reforma como estava, o presidente Michel Temer autorizou o relator a modificar.

Outro ponto em que não estava prevista a alteração era o tempo máximo de contribuição para que o trabalhador possa ter direito ao teto da aposentadoria para o seu nível de contribuição. Na versão final, os 49 anos necessários --um dos pontos que mais criaram problemas para o governo-- caíram para 40 anos.

O governo cedeu ainda na aposentadoria rural. Mesmo mantendo a necessidade de uma contribuição de todas as pessoas da família para que um dia recebam a aposentadoria, diminuiu a idade mínima, que será de 60 anos .

Foram mantidas ainda aposentadorias especiais para policiais e professores, com idade mínima de 60 anos e, no caso dos policiais, apenas 20 anos de contribuição em atividades de risco. O governo decidiu manter também a equiparação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao salário mínimo e a possibilidade de acúmulo de aposentadoria e pensão até um valor de dois salários mínimos --medida que, segundo o relator, teve o maior impacto na redução da economia proporcionada pela reforma.

Apesar de ter aumentado ainda mais o espectro de mudanças, o governo mantém a estimativa de que a diminuição do impacto da reforma será de cerca de 20 por cento, em torno de 630 bilhões. O número é próximo do que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, calculava há duas semanas, quando não estava no horizonte diminuir o tempo de contribuição nem a idade mínima menor para as mulheres.

Oliveira Maia não quis comentar a possibilidade do impacto ser ainda maior. "Se imaginava uma economia de 800 bilhões.

Vamos ter uma economia em torno de 630 bilhões de reais, cerca de 80% do original", disse o relator. "Eu não tenho como avaliar se há um impacto maior. Esses são os números dados pela equipe econômica".

TRANSIÇÃO

Outra das mudanças feitas foi a do alongamento da regra de transição. Para os trabalhadores que já contribuem para a Previdência, o relator retirou o corte de idade para entrar nas regras de transição, e quem optar por elas pagará 30 por cento de pedágio sobre o que falta para cumprir 30 anos de contribuição, se mulher, ou 35 anos, se homem. Também haverá um piso inicial de idade para se aposentar pelas regras de transição --53 anos para mulher e 55 anos para homens.

Pela proposta do governo, poderiam entrar na transição mulheres com mais de 45 anos e homens com mais de 50 anos, pagando pedágio de 50 por cento sobre o tempo restante para se aposentar.

"Houve uma coisa importante, uma simbiose entre o pensamento médio do governo, o pensamento médio dos parlamentares da base e o pensamento médio da sociedade", afirmou o presidente da comissão especial da Previdência, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), após participar de reunião no Palácio da Alvorada.

"Eu estou subindo meu prognóstico de 350 para 360 votos (para aprovar a reforma na Câmara), acrescentou.

Como a reforma da Previdência é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) são necessários pelo menos 308 votos para sua aprovação, equivalente a três quintos dos deputados, em dois turnos de votação. No Senado, a PEC precisa do apoio de 49 senadores, também em dois turnos de votação.

Segundo o relator, o único ponto ainda em aberto é sobre a questão da Previdência dos policiais, em que falta uma definição sobre as atividades que poderão ser exercidas depois de 55 anos. Uma reunião na tarde desta terça-feira foi realizada para tentar fechar esse ponto e os protestos marcados para pressionar os parlamentares terminaram em quebra-quebra.

Após a reunião, o relator indicou que os policiais poderão ter idade mínima de 55 anos e posterior vinculação à idade dos militares. [nL1N1HQ23N]

Oliveira Maia também incluiu em seu relatório a possibilidade de que Estados e municípios realizem modificações que considerarem necessárias em seus próprios sistemas previdenciários dentro de prazo de seis meses, mas se as mudanças não forem implementadas voltará a prevalecer as regras da reforma no âmbito federal.

Para a aposentadoria dos parlamentares, o relator propõe que os detentores de novos mandatos eletivos entrem no regime geral da Previdência, desde que já não estejam vinculados ao regime de Previdência parlamentar.

© Reuters. Deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência

Oliveira Maia vai apresentar seu relatório na Comissão Especial da reforma na manhã de quarta-feira e a previsão do governo ainda é de votar a reforma em plenário na primeira quinzena de maio. Depois, a proposta vai para o Senado onde, apesar de já estar negociando e não prever embaraços, o governo ainda pode ter que enfrentar problemas na base.

Depois de uma reunião nesta manhã em que Arthur Maia apresentou aos senadores da base a versão final de seu relatório, dois pontos foram bastante criticados, disseram à Reuters fontes governistas.

Um deles a idade de 60 anos para mulheres trabalhadoras rurais, mesmo limite dos homens. Outro, o aumento do limite de idade para acesso ao BPC, hoje de 65 anos, para 68 anos.

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