BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira que espera que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não chegue ao Senado, mas se chegar o conduzirá com isenção e definirá seu calendário em conjunto com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista a jornalistas, Renan se recusou a comentar a decisão do PMDB de romper com a presidente Dilma Rousseff, argumentando que qualquer comentário poderia "partidarizar" a posição do presidente do Senado.
"Se esse processo (de impeachment) chegar ao Senado, e eu espero que não chegue, nós vamos, juntamente com o STF, decidir o calendário. A Constituição prevê que esse julgamento aconteça em até seis meses", disse o parlamentar a jornalistas.
Indagado por que afirmou que "espero que não chegue" ao Senado o pedido de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados, o parlamentar não respondeu.
Renan, que não compareceu à reunião do diretório nacional do PMDB que decidiu por aclamação o desembarque imediato do governo com a entrega de todos os cargos ocupados pelo partido, disse que optou por não participar dessa decisão.
"Não fui (à reunião do PMDB) para não influenciar de alguma forma. Eu cumpro o mais difícil papel que é no momento historicamente conturbado conduzir o Senado Federal com independência, isenção e equilíbrio", afirmou.
O rompimento do PMDB, partido presidido pelo vice-presidente da República Michel Temer, com o Palácio do Planalto agrava a já delicada situação do governo Dilma e complica as chances de o Planalto obter os votos necessários para barrar a abertura de um processo de impeachment na Câmara.
O pedido de impedimento da presidente está sendo analisado em uma comissão especial da Casa que deverá elaborar um parecer sobre a admissibilidade da instauração de um processo.
Se o parecer for favorável à abertura de um processo de impeachment, terá de ser aprovado por 342 deputados em votação no plenário da Câmara. Se a decisão for confirmada pelo Senado, com a instauração do processo Dilma terá de se afastar do cargo e Temer assumirá a Presidência interinamente. Caso o Senado decida pela cassação do mandato da petista, o vice será efetivado no cargo.
(Reportagem de Leonardo Goy)