Rio Bravo: melhora da economia favorecerá candidato pró-reformas em 2018

Publicado 28.11.2017, 09:58
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Arena do Pavini - Sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos, Paulo Bilyk acredita que a abertura de capital da BR Distribuidora e a privatização da Eletrobras (SA:ELET3) serão vitórias importantes para o governo Temer. E o mercado já coloca em seus modelos alguma melhora da popularidade do presidente por conta da recuperação da economia, que vai ajudar nas condições de vida de parte da população. “Isso favorecerá o discurso de um candidato que seja a favor da continuidade das reformas, de maior responsabilidade fiscal”, afirma. Pode ser que esse papel seja exercido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acredita Bilyk.

Já o economista-chefe da Rio Bravo, Evandro Buccini, espera que 2018 seja um ano de crescimento mais expressivo da economia, perto de 2,5% do PIB, com o dólar relativamente estável, juros bastante baixos e uma recuperação do emprego e queda no endividamento das famílias e das empresas. “Com a queda dos juros, a dívida das famílias vai cair para os níveis mais baixos em cinco anos”, acredita o economista. Essa melhora favorecerá os candidatos que apoiarem a continuidade das reformas e do ajuste fiscal, acredita Buccini. “Aí surge a figura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como símbolo dessa continuidade, e pode ser que surja alguma composição com outro candidato mais popular, como Alckmin, com ele como vice”, acrescenta Bilyk.

O risco é de uma fragmentação muito grande, que pode fazer com que um candidato com 20% de votos vá para o segundo turno, o que abriria espaço para os mais radicais. Nesse ponto, a experiência de eleições anteriores, como a de Fernando Collor de Mello em 1989, pode evitar esse cenário, espera Bilyk.

Crescimento de 3% no começo do ano

A grande dúvida para o ano que tem é o cenário eleitoral e o risco de a volatilidade e a incerteza atrapalharem a recuperação da economia, afirma Buccini. Tirando a eleição, porém, a economia vai se comportar bem, com o crescimento do PIB no fim deste ano e começo do próximo já perto de 3% ao ano. O número final de 2018 pode ser menor por conta do efeito estatístico do desaquecimento deste ano ainda. Mas o desemprego continuará caindo e a inflação seguirá baixa, mesmo com as pressões pontuais como das tarifas de energia neste fim de ano. “A confiança do consumidor normalmente é um bom indicador de votos e ela está crescendo”, diz.

Investimento das empresas devagar

A única variável importante que não está crescendo é o investimento das empresas, diz Buccini. Ao contrário das pessoas físicas, as empresas ainda estão muito alavancadas e os bancos não estão emprestando. Já o mercado de capitais tem ajudado apenas as grandes empresas, conhecidas dos investidores. “Estamos começando a ver alguns nomes desconhecidos, mas as pequenas empresas ainda dependem dos bancos, que estão com spreads altos e vão continuar cautelosos no crédito por conta da eleição”, afirma. O crescimento do investimento é importante pois é ele que vai garantir que a retomada do crescimento continue.

Risco da recuperação muito rápida do emprego

Outro fator que pode atrapalhar a continuidade do crescimento é uma recuperação muito rápida do emprego que leve a um superaquecimento do mercado de trabalho. “Isso é bom para as famílias e para o consumo, mas, se for muito forte, vai ser ruim para as empresas, pelo aumento de custos e redução da produtividade”, diz. Segundo Buccini, essa retomada recente do emprego já fez a produtividade ficar estagnada no terceiro trimestre. “Seria bom vermos a economia melhorar mais antes dessa retomada do emprego, até porque o custo da mão de obra no Brasil é muito engessado”, afirma, lembrando que mesmo com a recessão e as demissões os salários continuaram subindo.

Buccini espera que, por conta disso, daqui para frente o desemprego se recupere mais devagar. Ele espera que a desocupação volte aos níveis de antes da recessão somente daqui cinco anos.

Grau de investimento pode voltar em três anos

Já a retomada do selo de bom pagador, o chamado grau de investimento das agências internacionais, perdido em 2015, pode voltar antes, em três anos, acredita o economista. “Se tivermos uma retomada do crescimento da economia no ano que vem, podemos melhorar a perspectiva do rating, hoje negativa”, diz. Isso porque a arrecadação deve melhorar também e reduzir o déficit fiscal. Para recuperar o grau de investimento, porém, o país terá de melhorar muito a parte fiscal. “E aí dependemos da reforma da Previdência”, diz.

Sem Previdência, não há ajuste fiscal

Segundo Buccini, neste ano, até setembro, o governo federal acumulou um superávit primário, de despesas menos receitas, de R$ 40 bilhões. Porém, a Previdência teve no mesmo período um déficit de R$ 130 bilhões, o que resultou em um déficit geral de R$ 90 bilhões. No ano que vem, o déficit da Previdência crescerá para R$ 190 bilhões. “Isso quer dizer que, para manter o mesmo déficit deste ano, de R$ 159 bilhões o governo terá de economizar muito mais, R$ 150 bilhões pelo menos”, estima Buccini. “Esse é o drama de não se fazer a reforma, sem contar que os efeitos dela só aparecerão nos próximos anos”, alerta.

Buccini espera alguma reforma previdenciária no início do mandato do próximo presidente, o que poderia ajudar o país a recuperar o grau de investimento. Já neste ano, a Rio Bravo não espera reforma nenhuma. “Não dá para discutir e aprovar em dois turnos uma mudança constitucional na Câmara e depois no Senado ainda este ano”, afirma o economista, que vê como mais difícil aprovar mudanças na Previdência dos funcionários públicos do que a idade mínima para todos.

BNDES pode salvar contas públicas

Se a reforma não for aprovada, o teto de despesas criado pelo governo será atingido já em 2018. Uma esperança será então o BNDES devolvendo recursos para o Tesouro. “Há uma discussão no Tribunal de Contas da União (TCU) que questiona a legalidade do repasse de títulos do Tesouro para o BNDES”, lembra Buccini. “Se essa operação for julgada ilegal, por caracterizar empréstimo do controlador ao banco, o BNDES teria de devolver ao Tesouro R$ 400 bilhões, o que poderá salvar as contas públicas no ano que vem e terá um impacto grande sobre a dívida pública”, diz Buccini. “Aí no BNDES terá de ir a mercado para captar recursos para emprestar”.

Por Arena do Pavini

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