Por Joseph Menn
SAN FRANCISCO (Reuters) - Cidadãos russos que se acredita terem ligação com o governo têm se envolvido ativamente na disseminação de conteúdos polarizadores e na divulgação de temas extremos sobre as eleições parlamentares desta terça-feira nos Estados Unidos, mas estão se esforçando mais para apagar os rastros, segundo investigadores, acadêmicos e empresas de segurança.
Pesquisadores que estudam a propagação de desinformação no Facebook (NASDAQ:FB), Twitter (NYSE:TWTR), Reddit e outras plataformas dizem que, graças às novas táticas mais sutis, as chamadas campanhas de operações de informação estão sobrevivendo ao expurgo das grandes redes sociais e escapando da vigilância governamental.
"Os russos certamente não estão ausentes desta vez", disse Graham Brookie, diretor do Laboratório de Pesquisa Digital Forense do Conselho Atlântico. "Eles se adaptaram com o passar do tempo e aumentaram o foco nas operações de influência (nos EUA)".
O porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, perguntado por repórteres sobre a acusação, se recusou a comentar, dizendo que não pode responder a "alguns analistas abstratos de cibersegurança" porque a Rússia não sabe quem eles são e se entendem alguma coisa de cibersegurança.
Agências norte-americanas de inteligência e aplicação da lei dizem que a Rússia usou a desinformação e outras táticas para apoiar a campanha do presidente Donald Trump em 2016. O governo russo negou todas as alegações de interferência eleitoral.
Um sinal claro do empenho russo constante para perturbar a vida política dos EUA surgiu nas acusações reveladas no mês passado contra uma russa que trabalha como contadora de uma empresa de São Petersburgo conhecida como Internet Research Agency.
Depois de gastar 12 milhões de dólares em um projeto para influenciar a eleição norte-americana através das redes sociais em 2016, a empresa contingenciou 12,2 milhões de dólares para o ano passado e depois propôs gastar 10 milhões de dólares só no primeiro semestre de 2018, como mostraram documentos legais.
Segundo o indiciamento, a Internet Research Agency usou contas falsas de redes sociais para publicações dos dois lados de temas politicamente controversos, como raça, controle de armas e imigração. As instruções eram detalhadas, orientando até como zombar de determinados políticos durante um certo período do noticiário.
Embora os objetivos da disseminação de conteúdos polarizadores tenham permanecido os mesmos, os métodos evoluíram de muitas maneiras, disseram pesquisadores. Como exemplo, as contas russas vêm ecoando reportagens e memes que partiram inicialmente da extrema-direita ou da extrema-esquerda dos EUA, que parecem mais autênticos, são mais difíceis de identificar como estrangeiros e mais fáceis de produzir do que histórias inventadas.