Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores, José Serra, começa a preparar sua dança das cadeiras no Itamaraty, e deve nomear nos próximos dias o embaixador aposentado Sérgio Amaral para o principal posto diplomático do país, a embaixada em Washington, enviando o atual embaixador, Luiz Alberto Figueiredo, para Viena, informaram à Reuters duas fontes diplomáticas.
O nome de Amaral, que foi porta-voz do governo de Fernando Henrique Cardoso, embaixador em Paris e atualmente é presidente emérito do Conselho Empresarial Brasil-China –do qual foi presidente até o ano passado– já foi aprovado pelo presidente interino, Michel Temer.
No troca-troca preparado por Serra, o primeiro chanceler da presidente afastada Dilma Rousseff, Antonio Patriota, abrirá espaço na Organização das Nações Unidas (ONU)– para onde foi mandado ao deixar o cargo de ministro– para o último chanceler de Dilma, Mauro Vieira.
Com bom relacionamento com Temer, Vieira ainda tentou se manter no cargo na troca de governo, mas a decisão do presidente interino era de não deixar nenhum dos ministros de Dilma. Antes de ser chanceler, Vieira foi o embaixador nos Estados Unidos.
Patriota assumirá a embaixada em Bogotá. Apesar de longe do circuito clássico da diplomacia –Washington, Londres, Paris e Buenos Aires, os mais cobiçados postos– Bogotá ainda é avaliada dentro do Itamaraty como um posto importante. Hoje, a Colômbia é a segunda economia da América do Sul, e o Brasil vem negociando importantes aberturas de mercado com o país.
Já Figueiredo, mal avaliado dentro do ministério no período em que foi chanceler, ganhou um posto clássico, mas de pouca importância estratégica para o Brasil.
Amaral, aposentado do Itamaraty, foi também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio no final do governo Fernando Henrique e mostra o perfil que Serra quer dar às relações com os Estados Unidos, país citado como alta prioridade por Serra em seu discurso de posse.
Nos primeiros dias do novo chanceler no cargo, Amaral foi visto com frequência no gabinete ministerial do Itamaraty, revelaram à Reuters fontes diplomáticas. Dois dias depois da troca de governo, em um sábado, Serra fez uma reunião com todos os subsecretários-gerais do ministério, o secretário-geral, Sérgio Danese, o chefe de gabinete, Júlio Bitelli, e Amaral, como mostra uma foto publicada no Facebook do próprio ministério.
A presença do embaixador aposentado foi estranhada pelos diplomatas, já que ele não tem mais cargo no Itamaraty e, em tese, não deveria estar ali. Fontes da Casa, no entanto, afirmam que Amaral –que chegou a ser considerado para chanceler– seria o principal orientador de Serra nesses primeiros dias no Itamaraty.