Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A troca de Luiz Inácio Lula da Silva por Fernando Haddad como cabeça da chapa presidencial do PT será feita entre segunda e terça-feira, depois de mais uma visita do atual candidato a vice ao ex-presidente, preso em Curitiba, em que Lula deve apresentar uma carta para ser lida a seus eleitores ungindo Haddad como substituto e Manuela D'Ávila, do PCdoB, como candidata à vice, disseram à Reuters fontes que acompanham o tema.
A programação, discutida em uma reunião quarta-feira em São Paulo, está sujeita a diversas variáveis, a mais importante delas as duas liminares que o partido ainda tem, uma no Tribunal Superior Eleitoral e outra no Supremo Tribunal Federal, nas mãos do ministro Celso de Mello.
"Essa é a avaliação atual do que vai acontecer. Não significa que não pode mudar a depender das decisões", disse uma das fontes.
O formato para a transição, segundo uma outra fonte, aliada ao PT, será seguido no caso de as duas liminares serem negadas e o partido ser obrigado a apontar o substituto de Lula no dia 11 deste mês, prazo dado pelo TSE quando cassou o registro do ex-presidente como candidato com base na Lei da Ficha Limpa.
Sem decisões judiciais que mantenham Lula na disputa, o PT fica sem candidato se não fizer a indicação. Ainda segundo a fonte, nada foi firmado por conta da espera pelas decisões judiciais.
"Está tudo muito nebuloso, mas é isso que tem se falado. Estamos esperando o PT decidir internamente para saber qual será nosso papel", disse.
Apesar das negativas oficiais da direção, o partido já está trabalhando em como fazer a transição inclusive no horário eleitoral. De acordo com uma das fontes, como Lula não pode aparecer pessoalmente, fará a transição por carta. Onde e quem a lerá ainda está sendo debatido pelo partido, que irá consultar o próprio ex-presidente.
Se o plano inicial for seguido, Haddad e Manuela já poderão aparecer no evento com artistas e intelectuais no Teatro da Universidade Católica (Tuca), em São Paulo, como os candidatos oficiais da coligação, "ainda que informalmente", segundo a fonte, com o registro sendo feito no dia 11 em Brasília.
Na terça-feira, no programa político obrigatório, o PT planeja colocar no ar o vídeo de transição. O partido vinha aumentando a exposição de Haddad, mas reservou para essa situação uma fala de Lula, gravada antes da prisão, em que o ex-presidente apresenta Haddad.
Uma segunda fonte do PT disse que ainda não há nada marcado, mas pediram para não incluir compromissos na agenda de Haddad nos dias 11 e 12, o que seria uma indicação que podem usar um desses dias para um grande evento de lançamento do ex-prefeito.
Apesar dos planos, o partido ainda aposta nas liminares que correm na Justiça. Uma delas, que estava nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin --único voto a favor do registro de Lula no TSE-- foi negada na madrugada desta quinta-feira.
No entanto, o partido insiste por ordem do próprio Lula. Ao se reunir com o ex-presidente na última segunda-feira, depois da cassação do registro, Haddad esperava um sinal mais claro de Lula para a transição. Mas, para a frustração do ex-prefeito, o ex-presidente, irritado com a decisão do TSE, mandou que o partido apelasse para todos os recursos possíveis, disseram à Reuters fontes que foram informadas sobre a conversa.
O clima teria mudado a partir de terça-feira quando, em mais uma rodada de conversas com os advogados, Lula teria sido convencido, ainda que a contragosto, de que, mesmo com uma liminar concedida pelo STF, o partido poderia terminar tendo toda a chapa derrubada.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, a argumentação é de que uma liminar concedida pelo STF pode garantir momentaneamente o registro do ex-presidente. No entanto, se ela for derrubada a partir do dia 18 deste mês o partido não teria como registrar mais ninguém e ficaria fora da eleição. A data limite para troca de candidatos é 17 de setembro.