Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Diante da disputa interna do PMDB por cargos no primeiro escalão do governo, o vice-presidente Michel Temer admitiu nesta segunda-feira que não há como o Palácio do Planalto acomodar todos os lados do partido.
Ao deixar o Planalto depois de reuniões com diversos peemedebistas durante a tarde, Temer afirmou, respondendo se todo o PMDB caberia no governo: "Não, todo mundo não cabe, porque o PMDB é muito grande. Na verdade, haverá representação de todos e a presidente está decidindo isso. Ela vai decidir isso da melhor maneira".
O vice-presidente disse ainda que não conversou com a presidente Dilma Rousseff desde a última sexta-feira, quando ela viajou para Nova York.
Internamente, o PMDB espera que Dilma resolva o problema que criou ao oferecer para a bancada do partido na Câmara dos Deputados dois ministérios, disse à Reuters uma fonte ligada à legenda.
Ao conversar com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, a presidente ofereceu o Ministério da Saúde e outra pasta, considerando que o Turismo, com Henrique Eduardo Alves, seria esse segundo ministério. No entanto, a bancada não se sente representada por Alves e nem por Eliseu Padilha, que deve ficar na pasta da Aviação Civil por ser ligado a Temer.
"A presidente que precisa resolver, mas não pode fazer isso desmanchando o outro lado", disse a fonte.
O PMDB ligado a Temer já havia desenhado a sua parte na reforma, com um indicado dos deputados para a Saúde, Alves como o segundo ministro da bancada e a manutenção da Aviação Civil e Portos separados, com o segundo indo para Helder Barbalho, que perderá o Ministério da Pesca, que será extinto. Picciani, no entanto, passou a cobrar outro ministério para a Câmara.
O impasse com o PMDB adiou o anúncio da reforma administrativa, previsto inicialmente para a semana passada. A expectativa agora é que Dilma faça o anúncio até o final desta semana. A presidente chega ao Brasil na madrugada de terça-feira.