Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira que os problemas e os casos de corrupção desvendados pela operação Lava Jato não podem paralisar o país e que é preciso coragem para governar.
"Não podemos deixar que isso paralise o país. E não queremos que isso aconteça. Pode vir a notícia que vier que o país não ficará paralisado", disse Temer em evento no Palácio do Planalto.
"De todo jeito, o país não ficará paralisado porque contra argumento eu apresento o fato. Se há um argumento há um fato aqui de propostas sendo aprovadas pelo Congresso Nacional, valores estão sendo disponibilizados para o crescimento do país", acrescentou.
Ao se referir ao vazamento da primeira das esperadas 77 delações de executivos da Odebrecht, divulgada no último final de semana, Temer lembrou que na segunda-feira pediu à Procuradoria-Geral da República que acelere as delações para que elas possam logo ser homologadas e tornadas públicas.
"Há conflitos, há problemas no país? Há. Mas não podemos mantê-los indefinidamente. Não foi sem razão que ainda ontem eu pedia que essas coisas todas, muitas vezes acusatórias, venham logo à luz", disse o presidente.
"Porque vindo à luz quem foi acusado poderá explicar-se, defender-se, o que for, porque estamos ainda na primeira fase da acusação", acrescentou. "É um longo processo."
MEDIDAS
Temer confirmou que ainda esta semana o governo deverá anunciar novas medidas de estímulo à economia. O governo aposta em criar uma pauta positiva para sair do bombardeio causado pelo início das delações da Odebrecht.
A liberação de 3 bilhões de reais para financiar a renovação das frotas de ônibus urbanos, no evento em que discursou Temer, já faz parte do pacote de estímulos. Segundo o próprio presidente, o governo também estuda um programa semelhante para caminhões.
Na quinta-feira, o presidente reúne a equipe econômica e seus principais ministros para fechar o pacote, que pode incluir, por exemplo, a autorização para que seja usado o FGTS para quitação de dívidas.
"Vamos anunciar ainda medidas ... nesse final de ano que visem à dinamização da nossa economia. Mais adiante, talvez na quinta, venhamos anunciar várias medidas", disse.
PEC DOS GASTOS
Temer voltou a dizer que é preciso coragem para governar e adotar medidas delicadas de longo prazo, como a reforma da Previdência e um teto para o aumento dos gastos públicos.
"É preciso ter coragem para governar. E coragem nós temos", disse o presidente, ressaltando que poderia não mexer em questões como o controle de gastos ou a Previdência e deixar para quem fosse eleito em 2018 "cuidar do país todo atrapalhado".
O presidente aproveitou para comemorar a aprovação definitiva da PEC que cria o teto de gastos para a União, ressaltando que o placar menor se devia à ausência de alguns senadores, e não à perda de apoio na base governista.
"Acabamos de acompanhar uma votação no Senado Federal onde completou-se o ciclo da primeira emenda à Constituição que visa a tirar o país da recessão. Até quero esclarecer que a votação foi menor que a votação primeira, mas se deve ao fato de o presidente Renan ter antecipado a votação, que inicialmente estava programada para a tarde", disse.
No primeiro turno da votação no Senado, o governo aprovou a PEC com 61 votos a favor, tendo 14 contrários. Desta vez, foram, respectivamente, 53 e 16. Como se trata de uma Proposta de Emenda à Constituição, eram necessários 49 votos para a aprovação da medida.