BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer criticou nesta terça-feira, pela primeira vez, a ocupação de escolas por estudantes contrários à reforma do ensino médio, apresentada pelo governo como medida provisória, e à Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos públicos, e pediu "argumento verbal" no lugar do "argumento físico".
"Nós precisamos aprender no país a respeitar as instituições e o que menos se faz hoje é respeitar as instituições. Isso cria problemas e o direito existe exatamente para regular as relações sociais", disse, durante evento em Brasília.
"Hoje, ao invés do argumento intelectual e verbal, usa-se o argumento físico. Vai e ocupa não sei o quê e bota pneu velho em estrada para impedir trânsito", acrescentou.
Temer defendeu que a reforma foi apresentada por meio de medida provisória para iniciar sua discussão, já que as mudanças necessárias nunca foram feitas e projetos estavam parados no Congresso.
"Produziu ou não efeito a MP? Produziu, estão discutindo", disse, e acrescentou, como se estivesse falando com um estudante: "'Você sabe o que é uma PEC?' 'Ah, É uma Proposta de Ensino Comercial'. Estou dando um exemplo geral de que as pessoas debatem sem discutir ou ler o texto", disse.
A ocupação de escolas em vários Estados brasileiros fizeram com que provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) tivessem que ser adiadas para mais de 200 mil estudantes que originalmente fariam os exames nos prédios ocupados.
A permanência dos protestos tem preocupado o Palácio do Planalto, de acordo com uma fonte palaciana. A avaliação é de que os movimentos contra o governo tinham arrefecido, mas as ocupações estudantis em escolas e universidades têm potencial para crescer e criar problemas.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)