Por Rodrigo Campos e Dion Rabouin
NOVA YORK (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou em discurso a empresários em Nova York que o Brasil vive um momento de estabilidade política "extraordinária" e ressaltou as reformas planejadas pelo governo, como a PEC do limite de gastos e a reforma da Previdência, antes de fazer um convite para que invistam no Brasil.
Temer disse que a confiança está voltando rapidamente ao país e chamou os investidores a participarem de uma nova fase de desenvolvimento do Brasil, ancorada na estabilidade política e na segurança jurídica, de acordo com o presidente.
"Temos uma estabilidade política, o que também dá segurança jurídica, porque nós temos alardeado que lá no Brasil o que for contratado será cumprido", disse Temer no discurso aos empresários.
"Os índices todos de pesquisas feitas ao longo do tempo revelam que a confiança está voltando rapidamente no nosso país... Então, quando venho aqui aos Estados Unidos e em outras tantas atividades, eu venho para convidá-los. Convidá-los a participar desta nova fase, digamos assim, de crescimento do país."
Temer mencionou algumas reformas importantes que seu governo vai propor, apontando a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece um limite para o crescimento dos gastos públicos como principal prioridade do governo.
"Nós mandamos (a PEC ao Congresso) na convicção de que nós vamos conseguir aprová-la", discursou o presidente, acrescentando que recebeu o telefonema de três líderes partidários que lhe prometeram que suas bancadas fecharão questão pela aprovação da proposta no Legislativo.
"Nós temos um apoio significativo no Congresso Nacional", afirmou Temer que, em entrevista a jornalistas pouco depois do discurso disse que a PEC será aprovada ainda neste ano.
O presidente também falou aos empresários sobre a proposta de reforma da Previdência, que ele disse que será "radical", reconhecendo que este será um tema "mais difícil".
"Também estamos preparando, ultimando as conversas e o preparo de uma reforma radical do sistema previdenciário. Nós vamos mandar logo mais adiante esta proposta ao Congresso Nacional", disse.
"Sempre é uma proposta mais difícil, haverá sempre resistências, mas haverá muito convencimento. Porque nós estamos também cuidando de divulgar o máximo possível a necessidade dessa modificação de natureza constitucional também, natureza previdenciária."
Temer disse aos jornalistas que a aprovação da reforma da Previdência no Congresso "vai ficar para o ano que vem" e reiterou que não teme adotar medidas vistas como impopulares.
"Se a minha popularidade cair para 5 por cento, mas eu salvar o Brasil nesses dois anos e quatro meses, ou seja, colocar o país nos trilhos, eu me dou por satisfeito", disse.
Indagado por um jornalista estrangeiro sobre sua legitimidade no cargo de presidente, após o impeachment de Dilma Rousseff, Temer afirmou estar respaldado pela Constituição.
"Eu recomendo que leia a Constituição brasileira. Quem ler a Constituição brasileira, basta saber ler, não precisa mais do que ler, não precisa interpretação, para verificar que o governo é legítimo", disse o presidente, que afirmou ainda não ter notado a saída dos representantes de alguns países do plenário da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas quando ele discursou na abertura da sessão de debates.
Na véspera, quando Temer subiu à tribuna para discursar na ONU, representantes de alguns países, casos de Venezuela, Equador, Bolívia e Costa Rica, deixaram o plenário em protesto.