(Reuters) - O vice-presidente da República, Michel Temer, negou nesta quinta-feira estar negociando cargos com parlamentares e partidos políticos, em meio a rumores sobre negociações de bastidores para a formação de um eventual governo liderado por ele no caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em mensagem publicada no Twitter, o vice-presidente disse ser "muito procurado", mas garantiu não tratar do assunto. "Não trato sequer do assunto do que possa ou não possa acontecer", garantiu o vice em sua conta na rede social.
Temer, que preside o PMDB, também usou o Twitter para negar a possibilidade de interferir no Poder Judiciário, após a divulgação de notas na mídia de que, em um eventual governo liderado por ele, seria selado um grande acordo para salvar os políticos citados nas investigações da operação Lava Jato, que apura um bilionário esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4).
"Dizer que eu poderia interferir em processo judicial, levado adiante em função da posição do Ministério Público: isso jamais eu faria", escreveu o vice.
Temer lembrou que participou da elaboração da Constituição de 1988, quando atuou na comissão que tratou do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal. "Ajudei a estruturar essas instituições", afirmou.
"Então, registro com muita ênfase que sou muito atento à institucionalidade e, portanto, jamais haveria de influenciar outro poder", disse.
Dilma é alvo de um processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados por conta de supostas irregularidades nas contas de seu governo em 2014 e 2015. A presidente afirma que o pedido de impedimento não tem base jurídica e o classifica de golpe.
Caso o pedido de abertura de processo de impeachment seja aprovado na Câmara pelos votos de 342 deputados e caso o Senado aceite instaurar o procedimento, Dilma será afastada da Presidência e Temer assumirá até que ela seja julgada pelos senadores. Em caso de cassação, o vice será efetivado no cargo.
As declarações acontecem na mesma semana que o PMDB decidiu romper com o governo Dilma, em uma decisão que complicou as chances da presidente de barrar o impeachment, já que o partido do vice era até então o maior da coalizão governista e detém as duas maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro e Eduardo Simões, em São Paulo)