(Reuters) - O presidente Michel Temer reiterou nesta quinta-feira a confiança na aprovação da reforma da Previdência e disse que conta com o apoio do Congresso para levar adiante a agenda de reformas do governo, em meio a uma grave crise política que tem colocado em dúvida a capacidade de avançar com os projetos considerados prioritários.
"O próximo passo é a reforma da Previdência Social, que já está em estágio avançado de tramitação na Câmara dos Deputados. Depois, virá o Senado Federal. Nós vamos aprová-la”, disse Temer em discurso a investidores noruegueses durante viagem a Oslo.
Temer, que entrou num turbilhão político depois das delações de executivos da J&F, controladadora da JBS (SA:JBSS3) , afirmou que governa em um regime "semiparlamentarista", destacando a importância do papel do Congresso para a aprovação das reformas.
Nesta semana o governo foi surpreendido com uma derrota na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado em votação da reforma trabalhista, acendendo um sinal de alerta para a tramitação das reformas no Congresso.
Tanto o presidente quanto ministros minimizaram a votação da CAS, dizendo que o projeto será aprovado no plenário do Senado, mas a situação da reforma da Previdência parece ser mais complicada para o governo no cenário atual de instabilidade e turbulência política.
Uma fonte do Congresso que participa ativamente das negociações disse à Reuters esta semana que o governo conta atualmente com uma margem de apenas 220 a 230 votos na Câmara para a reforma da Previdência, bem abaixo dos 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que modifica as regras previdenciárias.
Antes do terremoto político, calculava-se um piso que girava entre 260 e 290 votos seguros, com potencial para se chegar ao número necessário.
Temer, que chegou à Noruega nesta quinta-feira depois de visitar a Rússia, havia dito em Moscou que espera pela aprovação da reforma previdenciária antes do recesso parlamentar do meio do ano, e nesta quinta reiterou a confiança no apoio do Congresso às reformas.
“Conto enormemente com o apoio do Congresso Nacional para reformas inadiáveis que estamos fazendo e sem cujo apoio nós não conseguiríamos levar adiante essas reformas”, disse o presidente no encontro com os empresários noruegueses.
Temer é alvo de inquérito conduzido pela Polícia Federal, sob autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação que tem como base principalmente a delação de executivos da JBS.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)