(Reuters) - O vice-presidente Michel Temer rejeitou na noite de terça-feira "remédios amargos" para enfrentar a crise econômica e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou que existe grande dificuldade no Congresso para a aprovação de matérias que aumentem a carga tributária.
Após jantar promovido na terça-feira pelo vice-presidente com governadores, ministros e parlamentares do PMDB, o senador disse ainda que o Congresso já colaborou para enfrentar a crise ao aprovar diversos projetos enviados pelo Executivo na tentativa de equilibrar as contas públicas por meio de ajuste fiscal.
"É muito difícil discutirmos qualquer aumento de carga tributária", disse Eunício a repórteres, de acordo com a Agência Brasil, depois do encontro no Palácio do Jaburu.
"Se o governo federal, que tem as dificuldades, encaminhar ao Congresso matérias dessa natureza, vamos discutir, mas há muita dificuldade de aprovar carga tributária", acrescentou.
Antes do jantar, o próprio Temer disse que o governo precisa evitar "remédios amargos" para sair da crise econômica, contrariando discurso feito na véspera pela presidente Dilma Rousseff em pronunciamento divulgado nas redes sociais por ocasião do 7 de setembro, em que disse que alguns remédios para a crise podem ser amargos.
"Temos que evitar remédios amargos. Temos que verificar, se for possível, simplesmente cortar despesas, a tendência é esta. Quando se fala em remédios amargos, tem de ser o menor dos remédios amargos", disse Temer, de acordo com a Agência Brasil.
O vice-presidente acrescentou que aumento de impostos "só em última hipótese".
Uma possível alta na alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo que incide sobre combustíveis, como forma de aumentar a arrecadação da União e dos Estados, acabou não sendo discutida no jantar, segundo Eunício, apesar de ter sido mencionada por Temer antes do encontro.
A presidente Dilma e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, têm defendido a necessidade de se discutir novas receitas para obter um Orçamento equilibrado e eliminar o déficit de 30,5 bilhões de reais previsto na peça orçamentária de 2016.
Na terça-feira, Levy disse em entrevista a repórteres em Paris que o aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física pode ser um dos caminhos para auxiliar no ajuste fiscal.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)