Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer articula para a quarta-feira uma reunião com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia, para tentar esfriar a crise entre os três Poderes deflagrada com a operação da Polícia Federal que prendeu policiais legislativos, confirmaram à Reuters fontes palacianas.
O encontro, pedido por Renan, deve ser no final da manhã da quarta. No entanto, até o final da tarde, a presidente do STF não tinha ainda confirmado sua presença. Cármem Lúcia aumentou o tom da crise ao dizer se sentir atingida ao ver um juiz ofendido - mesmo sem ter citado o nome de Renan.
Irritado com a operação, o presidente do Senado afirmou que iria entrar com uma ação no STF para definir os limites de cada Poder e chamou de "juizeco" o magistrado que autorizou a ação da PF. Ele, no entanto, pediu a Temer que intermediasse o encontro para que os presidentes dos três Poderes pudessem conversar pessoalmente.
O encontro foi acertado em uma segunda reunião entre Temer e Renan, na manhã desta terça.
A resposta dada a Renan pela ministra Cármem Lúcia, esta manhã, convenceu o Planalto de que a crise poderia esquentar, o que levou Temer a concordar em fazer o trabalho de mediador, apesar da intenção do Planalto de se manter longe da crise.
No entanto, a declaração do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendendo Renan - mesmo que dita como "opinião pessoal" - deu o tom da avaliação feita pelo Planalto: uma ação no Senado deveria ter sido autorizada pelo Supremo, não por um juiz federal de primeira instância.
Temer, dizem as fontes, se propôs a mediar a reunião e usar sua capacidade de diálogo para aparar as arestas entre os Poderes. A preocupação do presidente é que uma crise institucional possa atrasar a apreciação de propostas de interesse do governo no Legislativo, especialmente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos, que deve chegar ao Senado nos próximos dias.
A expectativa do Planalto era unir os presidentes dos três Poderes e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em uma reunião sobre a proposta de um plano nacional de segurança, na sexta-feira. O aumento do tom, e a má vontade de Renan em lidar com Moraes, convenceram Temer a agir antes.
Na entrevista coletiva em que anunciou que iria ao STF e criticou o juiz que autorizou a ação contra os policiais legislativos, Renan também mirou em Moraes, afirmando que o ministro atua como "chefete de polícia".