Por Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - O candidato presidencial republicano Donald Trump chamou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a candidata presidencial democrata Hillary Clinton de "cofundadores" do Estado Islâmico nesta quinta-feira, em comentários que certamente irão desencadear novas críticas a seu estilo de campanha.
Trump já havia criticado Obama e Hillary, secretária de Estado norte-americana entre 2009 e 2013, pela maneira como os EUA se retiraram do Iraque depois da guerra, dizendo que isso ajudou a criar o grupo militante islâmico, que ocupou territórios em solo iraquiano e sírio.
A ideia de que um presidente ainda no cargo tenha criado um grupo militante determinado a matar norte-americanos e outros ocidentais levou essa crítica a um novo patamar. Trump fez a colocação pela primeira vez durante um discurso na noite de quarta-feira no Estado da Flórida, e depois a repetiu em uma entrevista à rede de televisão CNBC na manhã desta quinta-feira.
Seus comentários vêm na esteira de uma semana conturbada para o candidato republicano.
Líderes partidários exortaram o empresário a se concentrar na campanha para derrotar Hillary depois de ele despertar repúdio devido a uma confrontação persistente com os pais de um soldado norte-americano muçulmano que morreu no Iraque e por sua recusa inicial a declarar apoio a candidatos proeminentes de seu partido em suas disputas de primárias.
"Ele (Obama) foi o fundador do Estado Islâmico. E ela também. Quer dizer, eu os chamo de cofundadores", disse Trump. "Ele não deveria ter saído do jeito que saiu. Foi um desastre o que ele fez", afirmou à CNBC.
Obama foi contra a guerra do Iraque e se candidatou à Casa Branca em 2008 prometendo encerrá-la. Os EUA retiraram suas tropas de combate do país em 2011.
Presente no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico tem suas raízes na insurgência da Al Qaeda que surgiu após a invasão do Iraque liderada por Washington em 2003. Conhecido por sua brutalidade, o grupo declarou um califado islâmico nestes dois países em 2014.
Em resposta aos comentários de Trump, um porta-voz de Hillary observou que milícias apoiadas pelos EUA retomaram o bastião do Estado Islâmico na Líbia na quarta-feira graças aos ataques aéreos autorizados por Obama.
Trump não recuou, indagando na CNBC: "Há algo errado em dizer isso? Ora, há gente se queixando por eu ter dito que ele foi o fundador do Estado Islâmico? Tudo que eu faço é dizer a verdade, sou uma pessoa que diz a verdade."
Apoiadores do magnata, que jamais ocupou um cargo público, gostam de seu estilo combativo e muitas vezes ofensivo, que lhe angariou muitas críticas inclusive de alguns correligionários.
Em uma entrevista abrangente, Trump disse ainda que os EUA irão continuar engajados no livre comércio se ele for eleito.
"Com certeza iremos manter o comércio. Não sou um isolacionista... sou um comerciante justo", disse.