Por Karen Freifeld
WASHINGTON (Reuters) - Tornou-se menos provável que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aceite ser interrogado pelo procurador especial Robert Mueller depois das operações desta semana do FBI contra seu advogado pessoal, disseram duas pessoas a par da questão na quinta-feira.
Trump ficou furioso com as batidas de segunda-feira da Polícia Federal dos EUA no escritório e na casa de Michael Cohen em Nova York, realizadas por indicação de Mueller.
Mas a tendência do presidente para mudar de ideia aumenta a incerteza sobre a eventual ocorrência de um interrogatório.
Em um tuíte publicado na manhã de quinta-feira, Trump disse apoiar uma abordagem "cooperativa" para o inquérito de Mueller sobre um possível conluio entre Moscou e sua campanha presidencial.
"Concordei com a abordagem historicamente cooperativa e disciplinada na qual nos engajamos com Robert Mueller", disse Trump no Twitter.
Como sinal adicional de que as tensões podem arrefecer, uma terceira fonte familiarizada com o tema disse que o relacionamento com Mueller continua firme e construtivo e que as conversas devem ser retomadas em breve.
A Rússia nega as descobertas de agências de inteligência dos EUA, segundo as quais os russos interferiram na campanha de 2016 para tentar influenciar a votação a favor de Trump. Este último negou qualquer conluio e vem atacando repetidamente a investigação de Mueller, que diz ser uma "caça às bruxas" com motivação política.
O rompante de Trump após as buscas do FBI levou críticos e parlamentares, inclusive do Partido Republicano do presidente, a temerem que ele possa tentar provocar a saída do procurador especial.
Trump refutou uma reportagem de terça-feira do jornal New York Times segundo a qual tentou demitir Mueller em dezembro. "Se eu quisesse demitir Robert Mueller em dezembro, como noticiado pelo falho New York Times, eu o teria demitido", tuitou ele no início desta quinta-feira.
Ty Cobb e Donald McGahn, advogados da Casa Branca, disseram a Trump que a demissão o exporia a acusações de obstrução da justiça, disseram duas autoridades à Reuters na terça-feira. Eles explicaram que Trump precisa ter uma "boa causa" para ordenar que o vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, que supervisiona a investigação sobre a Rússia, demita Mueller.