Por Steve Holland
MIAMI (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta sexta-feira a adoção de restrições maiores a norte-americanos em viagem a Cuba e limites a negócios dos EUA com os militares da ilha, dizendo que está cancelando o "acordo terrível e mal orientado" do ex-presidente Barack Obama com Havana.
Delineando sua nova política para Cuba em um discurso em Miami, Trump assinou uma diretriz presidencial que reverte partes da abertura histórica de Obama com o país comunista, resultado de um avanço diplomático em 2014 entre os dois ex-inimigos da Guerra Fria.
Mas Trump manteve muitas das mudanças de Obama, como a reabertura da embaixada dos EUA em Havana, ao mesmo tempo em que buscou mostrar estar cumprindo a promessa de campanha de adotar uma postura mais rígida com o vizinho.
"Não ficaremos mais em silêncio diante da opressão comunista", afirmou Trump a uma plateia empolgada em Little Havana, enclave de cubanos-norte-americanos em Miami, incluindo o senador republicano Marco Rubio, da Flórida, que ajudou a formular as novas restrições a Cuba.
"Com aplicação imediata, estou cancelando o acordo completamente unilateral da última gestão com Cuba", declarou Trump ao fazer um ataque verbal contundente ao governo do presidente cubano, Raúl Castro.
A abordagem revisada de Trump, que estará contida em uma nova diretriz presidencial, pede o cumprimento mais rigoroso de uma proibição de longa data a norte-americanos que vão à ilha como turistas, e procura evitar que dólares norte-americanos sejam usados para financiar o que o governo Trump vê como um governo repressivo e dominado pelos militares.
Mas, sob pressão de empresas dos EUA e até de alguns colegas republicanos para evitar retroceder completamente nas relações com Cuba, o presidente decidiu deixar intactas algumas medidas de seu antecessor democrata para a normalização.
A nova política proíbe a maioria das transações de companhias dos EUA com o Grupo de Empreendimentos das Forças Armadas, um conglomerado cubano envolvido em todos os setores da economia, mas abre algumas exceções, entre elas para as viagens por ar e mar, de acordo com autoridades norte-americanas. Essencialmente isso irá blindar empresas aéreas e de cruzeiros que servem a ilha.
Trump justificou sua reversão parcial das medidas de Obama para Cuba em grande parte por razões de direitos humanos. Seus assessores argumentam que os esforços de Obama equivaleram a um "apaziguamento" e que não fizeram nada para promover as liberdades políticas em Cuba, mas beneficiaram o governo cubano financeiramente.
(Reportagem adicional de Matt Spetalnick, Lesley Wroughton e Patricia Zengerle em Washington e Sarah Marsh e Marc Frank em Havana)