Por Roberta Rampton e Doina Chiacu
WEST PALM BEACH/WASHINGTON (Reuters) - Donald Trump indicou nesta quarta-feira a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, uma antiga crítica e com pouca experiência em política externa, para ser a próxima embaixadora dos Estados Unidos na Organozação das Nações Unidas (ONU) num período de incertezas sobre o papel internacional que o país terá no seu governo.
Nikki Haley, uma das duas mulheres escolhidas para um cargo no gabinete de Trump, é “uma negociadora comprovada, e nós esperamos fazer um monte de acordos. Ela será uma grande líder nos representando no cenário mundial”, disse o presidente eleito republicano num comunicado.
Uma republicana de 44 anos, filha de imigrantes indianos, ela criticou fortemente Trump durante a campanha presidencial por conta do discurso duro dele sobre imigração ilegal e por ele não se posicionar com mais ênfase contra supremacistas brancos.
Trump até agora escolheu principalmente homens conservadores para posições importantes no seu governo, depois da sua vitória sobre a democrata Hillary Clinton nas eleições de 8 de novembro. Trump substitui o presidente Barack Obama no dia 20 de janeiro.
A escolha da governadora pode ter como objetivo se contrapor às críticas aos comentários polêmicos de Trump sobre imigrantes e minorias, além das acusações de sexismo durante a campanha eleitoral.
Ela comandou um esforço exitoso no ano passado para retirar a bandeira confederada da sede do governo da Carolina do Sul depois da morte de nove pessoas negras em Charleston. A bandeira era carregada pelas forças confederadas pró-escravidão durante a Guerra Civil dos EUA e é vista por muitos como um símbolo racista.
Haley disse que aceitou a oferta de Trump e que permaneceria governadora, pendendo a confirmação dela no gabinete pelo Senado norte-americano.
"Quando o presidente acredita que você tem uma contribuição importante para fazer para o bem da nossa nação e para a posição da nossa nação no mundo, esse é um chamado que é importante considerar”, declarou ela em comunicado.
O trabalho dela pode incluir reassegurar aliados preocupados com o discurso de Trump durante a campanha, incluindo as suas promessas de construir um muro na fronteira com o México, de rever acordos comerciais e a sua indicação de que iria pressionar parceiros da Otan a pagar mais pela própria defesa.
Trump quer uma relação melhor com a Rússia, um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele antagonizou com a China, outra potência importante, com retórica sobre comércio e disputas territoriais no Mar do Sul da China.
O Reino Unido, um aliado próximo no Conselho de Segurança, ficou decepcionado porque a primeira-ministra Theresa May não foi uma das primeiras líderes a falar com Trump após a vitória dele.
Trump também escolheu Betsy DeVos, rica doadora republicana e defensora da escolha escolar, para liderar o Departamento de Educação, um cargo que ela aceitou.
"Sob a liderança dela nós vamos reformar o sistema educacional dos EUA e romper a burocracia que está atrasando as nossas crianças, para que possamos oferecer educação de grande qualidade e escolha escolar para todas as famílias”, afirmou Trump nesta quarta.
A bilionária DeVos é ex-presidente do Partido Republicano de Michigan. Ela há muito tempo defende a privatização da educação. Como presidente da Federação Americana para Crianças, ela têm defendido que as famílias possam usar vales para enviar os filhos para escolas privadas. Ela defende também a expansão das escolas independentes.
Trump, que estava na Flórida para o feriado de Ação de Graças, deve anunciar mais tarde nesta quarta que escolheu Ben Carson para comandar o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
"Depois de discussões sérias com a equipe de transição de Trump, eu sinto que eu posso dar uma contribuição significativa particularmente para fazer os nossos centros das cidades bons para todos", disse Carson, que foi pré-candidato a presidente, no Facebook.
(Reportagem adicional de Michele Nichols em Nova York, Susan Heavey em Washington e Roberta Rampton em West Palm Beach)