Por Steve Holland e Emily Stephenson
MIAMI/WASHINGTON (Reuters) - O republicano Donald Trump convidou os russos nesta quarta-feira para descobrir dezenas de milhares de e-mails "desaparecidos" de Hillary Clinton quando ela chefiava o Departamento de Estado norte-americano, levando os seus adversários políticos a acusá-lo de perigosamente pedir a uma potência externa para espionar os EUA.
"Rússia, se você está ouvindo, eu espero que você seja capaz de achar os 30 mil e-mails que estão desaparecidos”, disse o candidato republicano a jornalistas.
Hillary, a democrata que enfrentará Trump nas eleições presidenciais de 8 de novembro, respondeu com um comunicado de campanha que alega que ele estava criando uma possível ameaça à segurança nacional ao encorajar a espionagem russa para tentar influenciar a votação.
Jason Miller, porta-voz de Trump, tentou mais tarde conter a onda de protestos, dizendo que Trump não pediu à Rússia para acessar os e-mails de Hillary.
Trump estava se referindo ao sistema privado de e-mails que Hillary continuou usando enquanto ocupou o cargo de secretária de Estado de 2009 a 2013. Ela entregou milhares de e-mails em 2015 para autoridades norte-americanas investigando o sistema, mas não divulgou cerca de 30 mil mensagens que, segundo a democrata, eram pessoais e sem relação com trabalho.
Uma investigação do FBI sobre o tema não encontrou bases para uma acusação criminal, mas James Comey, diretor do órgão, afirmou neste mês que havia evidências de que Hillary havia sido “extremamente descuidada” ao lidar com informações confidenciais.
Ao focar na crise sobre os e-mails de Hillary, Trump tirou a atenção da Convenção Nacional Democrata na Filadélfia, onde na quinta-feira Hillary aceitará a nomeação do partido para disputar a Casa Branca.
Falando na mesma entrevista, Trump rejeitou as sugestões de que a divulgação pelo Wikileaks de e-mails constrangedores do Partido Democrata foi planejada pela Rússia para interferir nas eleições norte-americanas.
A presidente do Partido Democrata, Debbie Wasserman Schultz, renunciou no domingo depois de que os e-mails vazados mostraram lideranças partidárias favorecendo Hillary na disputa com o senador Bernie Sanders pela nomeação do partido.
Especialistas em segurança digital e autoridades norte-americanas disseram que havia evidências de que a Rússia planejara a divulgação de e-mails sensíveis do partido para influenciar as eleições presidenciais.
"É tão implausível, é tão ridículo”, declarou Trump sobre tal teoria nesta quarta. Ele sugeriu que a China ou alguma outra parte poderiam estar envolvidas.
A Rússia rejeitou as sugestões de que estaria envolvida.