Por Eric Beech
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na terça-feira que irá recorrer a uma intervenção federal em Chicago para conter a "carnificina" da violência armada na terceira maior cidade do país, a menos que as autoridades locais consigam reduzir a taxa de homicídios por conta própria.
Trump pareceu estar pegando carona em uma reportagem publicada no jornal Chicago Tribune na segunda-feira que relatou ao menos 228 pessoas baleadas na metrópole até agora neste ano, um aumento de 5,5 por cento em relação ao mesmo período de janeiro passado, e ao menos 42 homicídios até o momento, um acréscimo de 23,5 por cento.
O porta-voz do Departamento de Polícia de Chicago, Frank Giancamilli, questionou as cifras do Tribune, dizendo ter havido 182 tiroteios na cidade entre 1o e 23 de janeiro, "o que está exatamente nivelado com o ano passado". Ele disse que os homicídios estão em 38 até agora neste ano – em 2016 foram 33 no mesmo período.
Mesmo assim, o Tribune disse que os números mais recentes colocam Chicago a caminho de ultrapassar os 50 homicídios de janeiro último, o número mais alto para o mês em ao menos 16 anos. A taxa de homicídios da cidade em 2016 como um todo chegou a 762, o valor mais alto em 20 anos.
"Se Chicago não resolver essa 'carnificina' horrível que está acontecendo, 228 tiroteios em 2017 com 42 mortes (aumento de 24 por cento em relação a 2016), irei mandar os federais!", disse o presidente em uma postagem no Twitter.
Não ficou claro o que Trump quis dizer com "os federais" ou que tipo de intervenção governamental unilateral ele poderia ordenar para tratar da questão.
O superintendente da Polícia de Chicago, Eddie Johnson, respondeu dizendo que está "mais do que disposto a trabalhar" em parceria com as forças da lei dos EUA e ajudar a "elevar os índices de processos federais para crimes com arma de fogo em Chicago".
O reverendo e líder de direitos civis Jesse Jackson escreveu no Twitter: "Precisamos de um plano, não de uma ameaça. Precisamos de empregos, não cadeias".
A violência urbana, o tráfico de drogas e a pobreza foram temas recorrentes nos eventos de campanha de Trump, que citou Chicago periodicamente como um exemplo do aumento dos crimes dentro das cidades, que cresceram nacionalmente em 2016 depois de duas décadas de declínio.
Chicago registrou mais tiroteios e homicídios no ano passado do que qualquer outra cidade norte-americana, segundo dados do FBI e da polícia local, e sua taxa de resolução de homicídios é uma das mais baixas da nação.
(Reportagem adicional de Timothy McLaughlin em Chicago e Curtis Skinner em São Francisco)