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Tsipras apresenta linhas mestras de plano para o "dia depois" do resgate

Publicado 21.05.2018, 09:59
© Reuters.  Tsipras apresenta linhas mestras de plano para o "dia depois" do resgate

Atenas, 21 mai (EFE).- O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apresentou nesta segunda-feira aos seus ministros as linhas mestras de seu plano para o "dia depois" do resgate, cujo pilar será manter a fidelidade aos compromissos orçamentários com os credores, mas reduzindo a pressão fiscal e com um maior acento à coesão social.

"É hora de escrever o plano para o dia seguinte (ao resgate)", disse Tsipras perante o Conselho de Ministros, ao anunciar que este plano, batizado como "Estratégia de Crescimento para o Futuro" e cuja duração é de três anos, será debatido no Eurogrupo da próxima quinta-feira em Bruxelas.

O ponto de partida para melhorar o clima investidor deve ser uma mudança radical de um modelo produtivo baseado no crédito e no consumo que levou a uma dramática deterioração dos setores agrícola e industrial, a desigualdades sociais e à quebra, diz o projeto, que ainda deverá ser desenvolvido em detalhes.

Tsipras apresentou o plano dois dias depois que o Governo alcançou um princípio de acordo com as instituições credoras para fechar a quarta e última avaliação do resgate, uma pedra fundamental no caminho para a saída definitiva do programa de assistência.

Segundo Tsipras, este plano integral servirá de base para a refundação da economia, e porá fim aos modelos produtivos do passado, carentes de orientação e baseados em alimentar elites estatais.

O primeiro-ministro identificou uma série de setores com especial potencial de crescimento, entre os quais, além do tradicional motor da economia grega, o turismo, figuram a medicina, a agroalimentação, a energia e a inovação, entre outros.

Entre os objetivos figura conseguir que as exportações constituam 50% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, desde os 33% atuais. Em 2009, antes de assinar o primeiro resgate, ainda comportavam 19% do PIB.

A principal ferramenta para desenvolver este projeto será constituída pelo Banco Grego de Desenvolvimento, uma figura que está sendo criada.

Além disso, se recorrerá aos fundos do denominado Plano Juncker (8 bilhões de euros), e aos créditos do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) (2,5 bilhões) e sobretudo do Banco Europeu de Investimentos (20 bilhões de euro).

Tudo isto será organizado, insistiu Tsipras, respeitando plenamente os objetivos de estabilidade orçamentária comprometidos com os credores, incluída a necessidade de ter de gerar anualmente um superávit primário de 3,5% do PIB até 2022.

Para poder dar um impulso à economia, recalcou, é imprescindível que as instituições credoras cumpram com o compromisso de aliviar o peso da dívida helena, atualmente cerca de 180% do PIB.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) pôs na quinta-feira como data limite para que os parceiros europeus se pronunciem a respeito, e se não fizerem, advertiu que não participará finalmente do programa de assistência com os 1,6 bilhão (sobre o total de 86 bilhões) que tinha reservado.

"Se o Eurogrupo de quinta-feira não chegar a um compromisso sobre a questão da dívida, é provável que o FMI saia do programa", disse hoje o representante grego no Fundo, Mijalis Psalidopulos, em entrevista à emissora "Rádio 247".

Tsipras garantiu que as conversas sobre este tema estão em andamento e manifestou sua confiança de que sejam resolvidas positivamente nesta quinta-feira, sobre o marco definido pelo próprio Eurogrupo em junho do ano passado, o que inclui medidas a curto, médio e longo prazo, e limitar a 15% do PIB o financiamento bruto anual da dívida.

Em material laboral, o líder do Syriza pôs especial acento na luta contra o trabalho não declarado e afirmou que nos três anos do seu mandato já houve primeiros progressos nesta questão.

O objetivo, disse, é que em 2021 o trabalho ilegal só comporte 5% do emprego total, de 13% atual. Ao começo do seu mandato, acrescentou, ainda estava em 19%.

Outra meta imperativa, acrescentou, será elevar o salário mínimo (atualmente em 586 euros brutos para os maiores de 25 anos), e restaurar a negociação coletiva, duas das principais promessas do Syriza ao assumir o Governo em 2015, enterradas então por exigência dos credores.

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