Por Brian Ellsworth e Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - O governo da Venezuela disse neste domingo que seis pessoas foram detidas após a explosão de drones durante um evento com a presença do presidente Nicolás Maduro, enquanto políticos de oposição alertaram sobre uma possível repressão após ele acusar adversários de uma tentativa de assassinato.
A televisão estatal mostrou no sábado à noite imagens em que o líder socialista se assusta com o que parece ser uma explosão durante um discurso em Caracas. Segundos depois, as imagens foram cortadas para mostrar centenas de soldados correndo caoticamente e deixando sua formação.
Um dos seis suspeitos detidos tinha um mandato de prisão pendente por um ataque em 2017 sobre uma base militar, e um segundo já tinha sido preso em 2014 por participar em protestos de rua contra o governo, disse o Ministro do Interior, Nestor Reverol.
Críticos da oposição dizem que o governo já utilizou no passado incidentes como esse como pretexto para endurecer medidas contra opositores, incluindo a prisão de alguns dos mais conhecidos líderes do país.
Duas testemunhas na área disseram que ouviram e sentiram uma explosão no final da tarde, e então viram um drone caindo dos céus e atingindo um edifício próximo.
"Eu ouvi a primeira explosão, ela foi tão forte que os prédios se mexeram", disse Mairum Gonzales, 45, uma professora infantil. "Eu fui para o balcão e vi o segundo avião...ele atingiu o prédio e a fumaça começou a sair."
Uma segunda testemunha, que mora no prédio que foi atingido pelo drone, mas pediu para não ser identificada, descreveu uma sequência similar de eventos.
Bombeiros apareceram rapidamente na cena para combater as chamas, mas não foram informados sobre a causa do incidente, disse o funcionário do Departamento de Bombeiros, Jose Oropeza.
"O alarme soou e nós fomos para o fogo...era um incêndio de rotina, só isso", disse ele.
Um desconhecido grupo chamado "Movimento Nacional dos Soldados de Camisetas" disse ser responsável pelo incidente. Eles enviaram um comunicado em que desejam uma recuperação rápida para os sete soldados feridos, mas prometem mais resistência.
"Nós não vamos parar com nossa luta até que tenhamos uma restauração de nossa constituição e da democracia", afirmam no comunicado.
A Reuters não conseguiu confirmar de maneira independente o envolvimento do grupo, que no passado era visto como ligado a manifestantes conhecidos como "A Resistência".
Um aliado de Maduro, Freddy Bernal, colocou no Twitter fotos de sete pessoas que parecem ter cerca de 20 anos, pedindo que os venezuelanos ajudem nas buscas por "esses traidores".
Opositores acusam Maduro de fabricar ou exagerar em incidentes como esse para distrair a população da hiperinflação e da falta de produtos no país.