Por Michael Martina
DANANG, Vietnã (Reuters) - As nações da região Ásia-Pacífico devem "defender o multilateralismo", disse o presidente da China, Xi Jinping, nesta sexta-feira, contrapondo-se ao líder norte-americano, Donald Trump, que em uma mensagem a uma cúpula disse que seu país evitará acordos comerciais que sacrifiquem sua soberania.
A globalização é uma tendência irreversível, mas o mundo precisa trabalhar para torná-la mais equilibrada e inclusive, disse Xi aos líderes reunidos na cidade turística vietnamita de Danang para a cúpula da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec, na sigla em inglês).
Ele fez seus comentários momentos depois de Trump dizer à mesma plateia que os EUA não tolerarão abusos comerciais crônicos de parceiros.
"Será que deveríamos conduzir a globalização econômica ou estremecer e hesitar diante do desafio? Deveríamos impulsionar conjuntamente a cooperação regional ou deveríamos seguir caminhos diferentes?", indagou Xi.
"A abertura traz progresso, enquanto a autoexclusão nos deixa para trás".
Durante o ano passado Xi posicionou a China como uma defensora da globalização em discursos por todo o mundo, diferenciando-se de Trump, que vem apostando em sua agenda "A América Primeiro" e retirou seu país do acordo comercial Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês).
Os antecessores de Trump viam o pacto como uma maneira de os EUA, e não a China, redigirem as regras comerciais da Ásia.
Tendo encerrado na véspera uma visita de Estado à China, Trump disse que os EUA estão dispostos a firmar um acordo bilateral com qualquer país da região Indo-Pacífico, mas somente na base do "respeito mútuo e do benefício mútuo".
Ele atacou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e acordos comerciais multilaterais, e alguns analistas acreditam que uma ação mais dura da Casa Branca para combater os desequilíbrios do comércio bilateral com Pequim, exacerbados pelo modelo econômico de condução estatal, pode ser iminente.
Mas os esforços de Xi para assumir o manto do livre comércio não comoveram os críticos da China, que argumentam que esta ergue mais barreiras para o acesso de empresas estrangeiras a seu mercado usando planos industriais de controle estatal do que qualquer grande economia.
Em Danang, Xi disse que a China irá "facilitar significativamente o acesso ao mercado" para companhias do exterior e que todos os negócios registrados em sua nação serão tratados como iguais.
Os 11 países que ainda integram o TPP estão buscando uma maneira de levar o acordo adiante nos bastidores da Apec.