O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, defendeu a volta do imposto sobre a importação de carros elétricos no Brasil. Segundo o executivo, a proposta facilitou a entrada do automóvel no país, mas atualmente prejudica o desenvolvimento de uma indústria nacional voltada para a produção de veículos elétricos.
Em conversa com jornalistas em São Paulo, Leite sugeriu a adoção de um período de transição para equiparar o imposto de importação ao patamar de 35%, mesmo valor pago na importação de veículos que utilizam combustíveis fósseis.“Ninguém quer chocar o mercado ou criar mudanças abruptas. Você tem que criar uma previsibilidade para que a indústria possa se organizar”, disse o executivo.
O imposto sobre a importação de veículos elétricos foi zerado em 2015 no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Antes, a alíquota era a mesma para todos os automotores. Apesar de reconhecer que a medida trouxe alguns benefícios, Leite argumentou que a ausência de uma data limite para a isenção freou o desenvolvimento dessa indústria no país.
Isso porque as empresas perceberam que é menos custoso produzir os carros em outros países, com destaque para a China, a um custo de produção menor do que o do Brasil e vender os veículos no mercado interno do que investir nas fábricas em território nacional.
“O que acontece hoje é: você tem 0 de imposto de importação sem data. Não há data, então quem vai investir no Brasil pensa: eu vou investir na produção de um carro elétrico no Brasil ou eu vou importar? Ele vai importar, porque custa mais barato você fazer lá fora do que nas nossas próprias fábricas”, declarou Leite.
O presidente da associação que representa as montadoras também manifestou preocupação com o avanço das importações chinesas no mercado automotivo da América Latina. Leite informou que a participação de carros da China na região saltou de 4% para 21% em 10 anos.