Patrícia Bullrich, candidata que recebeu 23,83% dos votos e ficou em 3º lugar no 1º turno da eleição argentina, disse que as pessoas de seu país “não estão preocupadas” com o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pensa sobre o pleito.
“Lula pode dizer algo sobre a eleição argentina, mas ele terá de se relacionar com quem vencer a eleição. A Argentina e o Brasil têm uma relação acima de suas ideologias. Já passamos por isso, no ano passado”, disse em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 4ª feira (15.nov.2023).
O petista já se manifestou diversas vezes sobre o pleito, que será decidido em 19 novembro. Lula demonstra simpatia pelo candidato governista Sergio Massa (Unión por la Patria), embora não tenha declarado oficialmente sua posição. Além disso, marqueteiros ligados ao PT, partido do chefe do Executivo brasileiro, integram a campanha do peronista.
Em declaração mais recente, dada na 3ª feira (14.nov), Lula afirmou que os argentinos precisam de um presidente que “goste da democracia, que respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul”.
O comentário, feito durante a live “Conversa com o Presidente”, foi considerado uma indireta ao candidato libertário Javier Milei (La Libertad Avanza), que chamou Lula de “corrupto” e se recusou a encontrá-lo caso seja eleito.
Lula também disse que os argentinos são “soberanos” para escolher o presidente do país, mas pediu atenção com o impacto dessa decisão para o futuro sul-americano. “Eu só queria pedir para o povo argentino, na hora de votar, que pense na Argentina. É soberano o voto de vocês, mas pensem um pouco no tipo de América do Sul que vocês querem criar”, afirmou.
Assista (1min31s):
Apoio a Milei
Depois do resultado do 1º turno, Patrícia Bullrich anunciou seu apoio a Javier Milei. O deputado de direita disputará o 2º turno das eleições presidenciais da Argentina com o peronista e atual ministro argentino da Economia, Sergio Massa.“A urgência nos desafia a não sermos neutros diante do perigo da continuidade do kirchnerismo com Sergio Massa”, disse Bullrich no ato em que comunicou sua aliança. Segundo ela, a vitória do ministro da Economia “implicaria uma nova etapa histórica sob o domínio do populismo corrupto que levaria ao declínio final”.
Questionada sobre a declaração, Bullrich disse ao O Globo que “não foi difícil” tomar a decisão de apoiar Milei.
“Eu tinha uma boa relação com Milei. No começo, fizemos uma campanha sem agressão e acho que era a campanha correta. Mas, de repente, a relação se quebrou, mais da parte dele. Depois de ganhar as primárias, ele elevou os níveis de agressão e começamos a criticar sua campanha”, afirmou.
Segundo a ex-candidata, ela e seus aliados, como o ex-presidente argentino, Mauricio Macri, não tinham “tantas diferenças” com Milei e viam Massa como o principal adversário de sua campanha.