O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (18.set.2023) que novos investimentos estrangeiros servirão para que processo de redução de juros no Brasil seja “acelerado”. A declaração foi dada em entrevista a jornalistas.
O chefe da equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Nova York para reuniões com empresários e investidores, além de acompanhar o presidente brasileiro na ONU (Organização das Nações Unidas). Haddad lembrou que o Brasil “já vem reduzindo suas taxas de juros internas”.
Em 2 de agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) promoveu um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, a taxa básica de juros. Com isso, passou de 13,75% para 13,25% ao ano. A última decisão de redução na Selic foi na reunião de agosto de 2020, quando a autoridade monetária finalizou um ciclo de 9 reduções seguidas.
Segundo Haddad, haverá “taxas de juros mais convidativas” para atrair investidores na aquisição de títulos verdes, atrelados ao financiamento de projetos sustentáveis. “O Brasil tem toda a condição de contribuir com a transformação da economia no sentido da descarbonização”, acrescentou.
O ministro afirmou que a 1ª emissão de títulos públicos sustentáveis deve ser feita em setembro ou outubro.
No domingo (17.set), a equipe econômica fez uma rodada de apresentação a cerca de 60 investidores estrangeiros sobre possibilidades de aplicação de recursos envolvendo sustentabilidade. Segundo Haddad, o governo brasileiro está preparado para lançar títulos verdes.
O titular da Fazenda, porém, condicionou a emissão ao Tesouro Nacional. “Estamos num período de silêncio. Depois que você faz o road show [apresentação antes de emitir os títulos], não pode anunciar. A não ser quando for para lançar efetivamente os títulos. […] Está com o Tesouro a conveniência de lançar”, declarou.
Ao ser questionado sobre um aporte de R$ 10 bilhões a partir do Fundo Clima, o ministro disse que é um “recurso inicial muito pequeno”. De acordo com ele, o país tem condição de obter mais recursos internacionais por ter “a melhor matriz energética do mundo, uma das mais limpas”.
Fernando Haddad voltou a falar em dobrar a produção de energia limpa em 5 anos. Afirmou que pode haver a exportação em forma de energia por meio do hidrogênio verde e como produto.
“Uma boa parte dessa energia limpa tem que ser consumida no Brasil para manufaturar produtos verdes. Esse é o nosso objetivo último. Modernizar a economia brasileira nos valendo de nossas vantagens competitivas”, declarou.
O avanço da economia verde deve fazer o Brasil “decolar”, na visão do ministro da Fazenda: “Quanto mais cedo nós colhermos os frutos dessa agenda, mais facilmente a economia brasileira vai decolar para patamares de crescimento compatíveis com o nosso potencial”.
“Nós estamos começando a discutir a questão da industrialização do Brasil a partir dessa matriz. Nós não precisamos nos resignar à condição de exportadores de energia limpa”, completou.
Congresso
Nesta 2ª feira (18.set), Haddad disse que há um “clima favorável” para o avanço de pautas econômicas no Congresso. “É um clima favorável a tudo. Nós estamos com o presidente da Câmara, do Senado, com o presidente da República em um evento de projeção da imagem do Brasil no mundo. Tem que aproveitar esse momento de harmonização dos poderes para fazer a agenda avançar”, declarou.
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também estão em Nova York.
Haddad afirmou que agendas envolvendo pautas ecológicas e econômicas “são todas complementares” e “estão seguindo o cronograma que o Executivo estabeleceu”.
“A verdade é que o Congresso está debruçado sobre todas as ações do Ministério da Fazenda com um grau de abertura bastante significativo. Às vezes, faz sugestão de uma emenda e é natural que, num processo democrático, o governo não imponha sua vontade”, disse.
O ministro mencionou uma agenda de ajuste do Orçamento na Câmara e a reforma tributária, em tramitação no Senado. Segundo ele, “está todo mundo de queixo caído” com resultados obtidos pelo governo em 2023
“Estamos tirando o atraso herdado. O desmatamento caiu 48% este ano, estamos muito felizes com esse resultado antes mesmo da reestruturação do órgãos, que foram quase que destruídos no período anterior”, declarou.