Os bloqueios nas estradas feitos por manifestantes pró-Bolsonaro já começam a provocar dificuldades de abastecimento para os supermercados em vários pontos do País, o que fez o setor se mobilizar para resolver o problema. Derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro se mantém em silêncio sobre o resultado das eleições, enquanto integrantes do seu governo conversam com chapa de Lula sobre a transição.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, pediu apoio ao presidente Jair Bolsonaro sobre as dificuldades enfrentadas pelos supermercadistas, informa a nota emitida pela entidade na manhã desta terça-feira, 1º.
Um comunicado divulgado hoje, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) informa que, pontualmente, alguns supermercados de algumas regiões do Estado de São Paulo relatam falta de itens dos setores de frutas, verduras, legumes e açougue. A entidade reitera recomendação dada na segunda-feira(31) aos supermercadistas que "antecipem a logística de suas lojas e centros de distribuição, a fim de garantir que o setor consiga cumprir com a essencialidade de abastecer a sociedade de forma segura e sem interrupção, independentemente dos desdobramentos futuros".
O Carrefour (BVMF:CRFB3), a maior rede de supermercados do País, informa, por meio de nota que "segue sem grandes problemas de abastecimento em suas lojas em função dos volumes de estoques e que busca alternativas para atender todos os seus clientes, caso as paralisações continuem".
Ceagesp
Na Ceagesp, o maior entreposto de abastecimento de hortifrutigranjeiros do País, já se percebe alguma redução no fluxo de caminhões, mas a situação ainda está longe do risco de desabastecimento, uma vez que toda segunda-feira, normalmente, há uma grande entrada de produtos.
Thiago Oliveira, chefe da Seção de Economia da Ceagesp, explica que mais da metade das mercadorias vendidas no entreposto são provenientes do Estado de São Paulo, muitas vezes de regiões próximas, onde há a alternativa de pegar estradas vicinais par fugir de bloqueios. Ele pondera também que terça-feira é um dia de pouco movimento no entreposto.
No entanto, o Estadão apurou que já há redes de supermercados sentindo impacto de alta de preços de verduras e legumes por conta da interdição das rodovias. A saca de 20 quilos de cenoura, por exemplo, que custava R$ 45 no atacado na sexta-feira (28), hoje sai por R$ 70, uma alta de 55%.
Questionado sobre os aumentos de preços, Oliveira, da Ceagesp, diz que "não há aumento de preços até agora por conta dos bloqueios". No caso da cenoura, ele argumenta que a cotação do produto hoje é, em média, 3% menor do que a de setembro.
No momento, o impacto mais visível, segundo Oliveira, ocorre nas flores, um produto muito procurado no feriado de Finados, a ser celebrado nesta quarta, 2. "Algumas flores produzidas na região Sul não chegaram", afirma.
De toda forma, para minimizar os efeitos das paralisações das rodovias no abastecimento de hortifrutigranjeiros, o entreposto liberou para que a entrada de caminhões fosse realizada a qualquer hora do dia. Normalmente, há horário marcado para cargas e descargas dos caminhões.
Combustíveis e outros impactos
Outros impactos dos protestos se fazem sentir em diversas regiões. Há atrasos na entrega de combustíveis em diferentes Estados do País, como Acre, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A situação, além de possivelmente levar ao aumento de preços, coloca em risco diversos serviços essenciais, como prestação de socorro e atuação das forças de segurança pública.
Em entrevista ao Estadão, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, afirmou que as três grandes distribuidoras de Brasília já passaram a operar com a cota mínima de distribuição desde a noite de segunda, 31.
Vacinas
Os bloqueios também ameaçaram a produção de vacinas pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Após uma carga com 520 mil ovos usados para produção de imunizantes contra H3N2 ficar presa na paralisação de caminhoneiros próximo a Jundiaí, no interior do Estado, a diretoria do Instituto acionou a Secretaria de Segurança de São Paulo e conseguiu a liberação.
A carga, segundo o Butantan, está a caminho do instituto com escolta da Polícia Rodoviária Federal. Mais cedo, o instituto havia alertado que, caso os ovos não chegassem até o fim desta manhã, poderia haver um prejuízo na produção de 1,5 milhão de doses de vacina contra Influenza.