O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que irá à posse do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, mesmo depois de o libertário afirmar, na 4ª feira (22.nov.2023), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “será bem recebido” se comparecer à cerimônia. O evento será realizado em 10 de janeiro, em Buenos Aires.
“Nada muda. Para mim, o Lula não existe. Ele faz a parte dele lá, eu faço a minha. Não vou brigar com ninguém”, afirmou Bolsonaro à Folha de S. Paulo em entrevista publicada nesta 5ª feira (23.nov.2023). “Agora, se o Lula for lá [na posse], vai ser vaiado. Ele tem que se mancar”, completou.
O convite a Lula só foi confirmado pela equipe de Milei na 4ª feira (22.nov). “O Brasil e a Argentina sempre estiveram juntos e sempre trabalharão juntos”, disse a futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, em entrevista.
Para Bolsonaro, convidar o chefe do Executivo “faz parte do protocolo”. Ele relacionou o petista com regimes autocráticos da América Latina ao questionar se Lula iria a Buenos Aires: “Mas será que o Lula vai? Ele gosta de lugares em que estão o [presidente da Venezuela] Nicolás Maduro, o [presidente da Nicarágua, Daniel] Ortega”.
Já o convite a Bolsonaro foi feito em uma chamada de vídeo na 2ª feira (20.nov). Segundo o ex-presidente, “as passagens [para a Argentina] já estão sendo compradas. Vamos com governadores e 30 parlamentares”. O grupo deve ser recebido por Milei “por uns 30 ou 40 minutos” para um café da manhã ou jantar, afirmou.
“Eu ajudei na eleição dele. Discretamente, mas ajudei, fiz discurso. E o Milei gosta muito do [deputado federal] Eduardo [Bolsonaro (PL-SP)]”, completou.
Durante sua campanha eleitoral, Milei chamou Lula de “comunista” e “corrupto”. Também o acusou de interferir na campanha e de financiar parte dela.
Em entrevista ao Globo publicada na 2ª feira (20.nov), o assessor-especial da Presidência, Celso Amorim, disse achar “muito difícil” que Lula vá à posse de Milei, mas afirmou que o país será representado no evento.