SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro participou neste domingo de uma manifestação na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, reunindo aliados políticos e uma multidão de apoiadores em ato marcado por exaltação do bilionário Elon Musk e defesa contra acusações de envolvimento em tentativa de golpe de Estado.
Imagens compartilhadas nas redes sociais e transmitidas pela mídia mostraram uma multidão de apoiadores de Bolsonaro, boa parte vestindo camisetas da seleção brasileira de futebol, reunida em torno de um trio elétrico nesta manhã. Discursaram no palanque, além do ex-presidente, figuras como o pastor Silas Malafaia e o deputado Federal Nikolas Ferreira.
O evento contou com a presença de vários outros senadores e deputados, bem como a do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ).
Bolsonaro fez discurso de quase 40 minutos no ato, em que pediu uma salva de palmas para o dono do X, Elon Musk, exaltando o bilionário como um defensor da liberdade de expressão, em meio a inquérito aberto pelo ministro do STF Alexandre de Moraes contra o bilionário por suspeita dos crimes de obstrução de Justiça, inclusive em organização criminosa, e incitação ao crime.
O ex-presidente voltou a atacar Moraes e disse que seu governo nunca jogou "fora das quatro linhas da Constituição", negou acusações de que foi elaborada uma "minuta do golpe" e disse que "estado de sítio é proposta que um presidente pode submeter ao Congresso".
"Você viu a minuta de golpe? Nem eu. Eu quero ver, o povo quer ver e a imprensa também", afirmou Bolsonaro a jornalistas após seu discurso.
Bolsonaro foi indiciado no mês passado por suposta fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19 pela Polícia Federal, que também afirma que a adulteração teria ligação com a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, quando vândalos bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
A pedidos da organização da manifestação deste domingo, os apoiadores de Bolsonaro não levaram faixas ou cartazes, de forma a não comprometer ainda mais o ex-presidente nas investigações em que é alvo.
Ao ser questionado sobre se temia ser preso, Bolsonaro disse aos jornalistas que "há muito inocente preso no Brasil" e que, se fosse preso, seria uma arbitrariedade.
Em críticas renovadas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro disse ainda que "tem gente mais competente do que eu, mas niguém tem coro mais grosso que eu. O atual presidente é refém do Congresso e de mais gente, não tem como dar certo".
Após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do ano passado, Bolsonaro está inelegível até 2030, mas o ex-presidente e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, manifestaram neste domingo confiança na derrubada da inegibilidade.
"Temos certeza que brevemente atingiremos nosso objetivo, embora eu não tenha obsessão para ser presidente", disse Bolsonaro.
Já Costa Neto afirmou que, com "essa força que ele (Bolsonaro) tem, o STF vai poder avaliar a volta dele... Não temos plano B; nosso candidato é Bolsonaro", disse Costa Neto.
A organização do ato deste domingo disse que o público chegou a 100 mil pessoas, mas não foi divulgada estimativa pelas autoridades do Rio de Janeiro até o momento.
(Por Luana Maria Benedito, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)