O líder do Psol na Câmara e pré-candidato a prefeito de São Paulo em 2024, Guilherme Boulos (SP), lamentou a saída do ex-secretário de Saúde de São Paulo Jean Gorinchteyn da coordenação da área de saúde de seu programa de governo. A decisão foi motivada por, segundo Gorinchteyn, uma posição pró-Palestina de Boulos.
“Setores de extrema-direita postaram uma foto de quando visitei a Cisjordânia para conhecer a situação dos territórios palestinos e disseram que eu estava associado ao Hamas. Isso criou ‘fake news’ e Jean recebeu pressões de extremistas para tomar essa posição. Lamento. Agora, não vou ceder a extremismo nenhum e não vou modificar minhas convicções por qualquer tipo de conveniência”, disse Boulos em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Boulos voltou a se manifestar contra os ataques violentos que matam civis israelenses e palestinos. “Eu condeno sem meias-palavras os ataques do Hamas a civis israelenses, como condeno sem meias-palavras os ataques do Benjamin Netanyahu a civis palestinos. Não podemos ter dupla moralidade”, disse o deputado.
O líder do Psol afirmou que seus desafios serão conquistar apoios para além da esquerda e superar a imagem de “invasor” e “radical” usada por opositores em relação à sua militância no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
“O desafio é quebrar uma caricatura que foi feita a meu respeito em um processo de criminalização de movimento social. Minha trajetória, minha luta por moradia digna é conhecida, mas hoje o debate político no país se tornou muito rebaixado, se resolve com meme, com vídeo lacração de 15 segundos. E houve estigmatização da minha trajetória, de extremista, invasor, radical”, disse. Segundo ele, isso se quebra com diálogo.
Boulos declarou que espera uma disputa contra o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), marcada por “fake news”. Atualmente, o emedebista negocia uma aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A aliança de Ricardo Nunes com Bolsonaro, o ‘BolsoNunes’, a tentativa de unir um frentão para nos derrotar, a forma como eles têm atuado, a quantidade de ‘fake news’, de ataques é uma coisa violenta, brutal. Nesses últimos dias disseram que eu era ligado ao Hamas”, disse.
Para Boulos, Ricardo Nunes não é do “tamanho” da capital. “São Paulo, infelizmente, com essa gestão, parou no tempo. São Paulo sempre foi uma cidade cosmopolita, ligada aos debates de todas as cidades globais. Hoje, com um prefeito que não é do tamanho da cidade, ficou para trás”, declarou o político.