O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou neste domingo (15.out.2023) que o Brasil depende de um acordo entre Israel, Egito e os Estados Unidos para formar um corredor humanitário na Faixa de Gaza e repatriar os brasileiros que estão na região.
Amorim disse que o governo “fez tudo” o que podia para viabilizar esse transporte “tanto do ponto de vista das providências logísticas quanto do ponto de vista político” e que, agora, aguarda resolução para permitir a passagem dos brasileiros do sul de Gaza para o Egito, de onde será feito o transporte de volta ao Brasil. As declarações foram feitas em entrevista ao canal por assinatura GloboNews.
Segundo o assessor, a “pior coisa que poderia acontecer” seria o Egito dar a autorização de passagem para outras nacionalidades e não para o Brasil. Ele aposta na boa relação diplomática mantida pelo país com o governo egípcio. “Não creio que isso aconteça em função das gestões que o presidente Lula fez. Agora, ter certeza absoluta, eu não tenho”, afirmou.
No sábado (14.out), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi. Lula pediu ajuda na operação de retirada de quase 30 brasileiros que estão em Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito.
Amorim afirmou que a situação é especialmente “complexa” no caso da guerra em Israel porque “há um certo jogo de empurra” e os países envolvidos não assumem a responsabilidade pela resistência em permitir a passagem.
“Se você fala com o lado israelense, eles dizem que o Egito não abriu a passagem. Você fala com os egípcios, eles falam –e eu acredito que isso é verdade– que não abriram a passagem porque não têm garantias de que as pessoas poderão passar com segurança”, disse.
Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, é unânime no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) a necessidade de se criar uma faixa de segurança para a entrada de bens como alimentos, água e medicamentos.
Entretanto, nem todos os países concordam com um corredor humanitário para a saída da população: “A saída significa ir para o Egito. Se elas passarem a fronteira, o Egito não tem como absorver 1 milhão de pessoas de repente. É uma área difícil no próprio Egito, com muitos rebeldes –inclusive, rebeldes de ação armada. É complexo“, disse.
Amorim também citou o argumento de que “facilitar demais” um corredor humanitário para a saída poderia dar a impressão de que “está se legitimando o esforço de Israel” de remover os palestinos da região que eles próprios reivindicam. “Seria uma nova Nakba, como diz os palestinos e os árabes em geral”, afirmou, eem referência ao êxodo de 700 mil palestinos por conta da expansão territorial de Israel nos anos 1940.