Os novos ministros do governo, André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), tomaram posse nesta 4ª feira (13.set.2023) em uma cerimônia fechada no gabinete presidencial no Palácio do Planalto, com convidados restritos a familiares e poucos líderes partidários, e com a designação do encontro apenas como uma reunião na agenda pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O formato envergonhado irritou integrantes do chamado Centrão -grupo do qual fazem parte PP e Republicanos- que já colocam em dúvida a ampliação do apoio que reforma pode de fato dar ao governo no Congresso.
Fufuca assumiu o Ministério do Esporte e Costa Filho, o de Portos e Aeroportos. No mesmo encontro, o até então titular de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), assinou sua posse no recém-criado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. É o 38º ministério de Lula. A medida provisória que criou a nova estrutura foi publicada no DOU (Diário Oficial da União). Eis a íntegra (PDF – 2 MB).
As posses desta 4ª feira encerram a 1ª reforma ministerial do 3º mandato de Lula, que consolidou a participação do Centrão no governo. As negociações se arrastaram por mais de 2 meses e acabaram deixando marcas tanto em aliados quanto no grupo de partidos liderados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que agora está contemplado na cúpula federal com o PP e o Republicanos.
O formato da posse também é mais um episódio das rusgas que marcaram o processo. A reunião fechada contrastou com o evento aberto realizado na Presidência para a posse do ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil). Ele assinou o termo em cerimônia realizada no Salão Nobre do Planalto em 3 de agosto. Na plateia, estavam outros ministros, deputados e senadores.
Publicamente, o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), minimizou a questão e disse que a nomeação de Costa Filho dá à bancada no Congresso “comprometimento” para votar propostas de interesse do Planalto. Mesmo assim, fez questão de reiterar a independência do partido em relação ao governo, como oficializado na semana passada.
“A indicação de Silvio vem na esteira de poder estreitar essa relação com o partido, para que se estimule a seguir ajudando nas pautas que interessa ao governo, mas sem alterar nossa postura de independência. […] Vemos com bons olhos a chegada de Silvinho ao ministério, que traz para nossa bancada comprometimento”, disse.
Em reserva, porém, integrantes do Centrão dizem que Lula tratou os partidos com desprestígio e arrogância. O sentimento ouvido pelo Poder360 entre a cúpula do grupo se resume a esta frase: “Absurdo, tratou como amante”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos principais articuladores da reforma, cogitou não participar da cerimônia fechada, mas acabou convencido por aliados a comparecer.
Ao deixar a reunião, França relatou que a cerimônia foi “familiar, com bastante criança”. “Presidente lembrou um pouco da passagem de cada um deles, do vínculo que temos em comum, todos nós viemos do Parlamento e fez a assinatura da posse dos 3 ministérios”, disse.
Quando a mudança nos ministérios foi oficializada, no dia 6 de setembro, chamou a atenção a ausência de uma fotografia de Lula com seus novos ministros. Na ocasião, a imagem divulgada pela Presidência foi de Fufuca e Costa Filho com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Lula aceitou ser retratado ao lado dos 2 nesta 4ª feira, logo após a assinatura dos termos de posse.