NVDA disparou 197% desde a entrada na estratégia de IA em Novembro - é hora de vender? 🤔Saiba mais

Constituintes chilenos apresentam 2ª proposta de Carta Magna

Publicado 07.10.2023, 06:05
Atualizado 07.10.2023, 06:10
Constituintes chilenos apresentam 2ª proposta de Carta Magna

O Conselho Constitucional do Chile apresenta neste sábado (7.out.2023) a nova proposta de Carta Magna para a Comissão de Peritos, que realizará a revisão do texto antes de ir a plebiscito. Esta é a 2ª versão do texto entregue e deve conter propostas mais liberais em comparação à 1ª versão, já que a direita tem a maioria da bancada.

O novo texto busca substituir a Constituição de 1981, outorgada durante a ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990). A Carta atual foi criticada durante as manifestações de 2019 –chamadas de “estallido social” , ou “quebra social”. Para os chilenos que foram às ruas naquele ano, o documento atual é base das desigualdades no Chile por promover a privatização de serviços básicos, como educação e previdência social.

Diferente do 1º processo de reformulação da Constituição, este teve a participação de 24 especialistas escolhidos pelo Congresso. Além disso, os políticos integrantes da comissão foram eleitos pela população. Com isso, a direita garantiu a maioria dos assentos na bancada, enquanto a 1ª versão da nova Carta Magna foi escrita por uma Assembleia Constituinte majoritariamente formada por legisladores de esquerda. A nova formação tem 50 integrantes, sendo 22 assentos ocupados por conservadores, 11 de centro, 16 progressistas e 1 indígena.

NOVAS PROPOSTAS

Veículos chilenos divulgaram alguns pontos que estarão na nova proposta de Constituição chilena. Segundo o La Tercera, em um capítulo da nova proposta entregue ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral, os constituintes propõem criar uma Procuradoria Supraterritorial e de um Conselho de Coordenação Interinstitucional.

O 1º diz respeito à formação de uma entidade federal destinada à investigação de crimes organizados ou de alta complexidade vinculadas à Procuradoria Nacional. Já o novo Conselho teria a função de colaborar com o Ministério Público na coordenação da atuação dos órgãos investigativos.

Em relação aos direitos sociais, o Conselho apresentou o artigo 24, que estabelece que “o Estado deve adotar medidas adequadas para concretizar os direitos à saúde, à habitação, à água e saneamento, à segurança social e à educação“. O trecho foi aprovado por unanimidade e diverge da Constituição de Pinochet, que colocou em vigor a privatização desses serviços.

No entanto, um ponto que entrou em discussão no Conselho foi a respeito dos poderes do Banco Central para comprar títulos do Tesouro. O plenário da constituinte aprovou o capítulo referente a questões econômicas e à atuação do Banco Central.

No novo texto, o Conselho estabelece que o BC será “um órgão autônomo, com patrimônio próprio e de natureza técnica, cuja composição, organização, funções e competências são determinadas por lei institucional”.

Também foi proposto que o Banco Central chileno realize operações somente com outras instituições financeiras, tanto públicas quanto privadas. “Em nenhum caso poderá conceder-lhes a sua garantia, nem adquirir documentos emitidos pelo Estado, pelas suas organizações ou empresas. Nenhuma despesa ou empréstimo público poderá ser financiado com créditos diretos ou indiretos do Banco Central“, afirma a proposta.

PRÓXIMOS PASSOS

Depois de avaliado pelos peritos, que terão 5 dias para entregar seu parecer, a proposta voltará ao Conselho Constitucional para contemplar os ajustes sujeridos. Em seguida, o Conselho tem até 16 de outubro para votar o relatório.

Em 7 de novembro, os conselheiros votam a íntegra do texto final e entregam ao presidente Gabriel Boric. Depois, o texto seguirá para o Comitê Técnico de Admissibilidade em até 5 dias. A proposta será votada em plebiscito pela população em 17 de dezembro.

Uma pesquisa divulgada pelo Cadem em 1º de outubro mostra que 41% da população prefere rejeitar o novo texto e seguir com a Constituição de Pinochet, enquanto 19% afirma preferir a proposta do Conselho e outros 27% deve optar pela versão alterada pelos especialistas.

Em relação ao plebiscito, 54% dos entrevistados disseram que votarão contra a mudança em dezembro, enquanto 24% afirmam que escolherão pela aprovação. A rejeição da proposta cresceu 10 pontos percentuais em 6 meses, de março a setembro deste ano.

TEXTO NEGADO EM 2022

A 1ª proposta da nova Constituição, que durou quase 2 anos, foi apresentada ao presidente, Gabriel Boric, em 4 de julho de 2022. Com 388 artigos, o documento foi o 1º no Chile a ser escrito por uma comissão paritária –com mesmo número de mulheres e homens. Eis a íntegra do texto (PDF – 2MB, em espanhol).

O texto propunha que 50% dos cargos de todos os órgãos do Estado e de empresas públicas fossem ocupados por mulheres. Uma parte também era reservada aos indígenas, de forma que o país fosse “paritário” e “regional”.

A 1ª versão para a nova Constituição procurava também dar autonomia para governos regionais e municipais, baseado no princípio da regionalidade. O texto afirmava que as políticas públicas devem ser “pertinentes às necessidades territoriais” e “adaptadas às diversas realidades locais”.

Em relação aos direitos sociais, a sugestão de 2022 previa que um Sistema Nacional público e gratuito para educação, saúde e previdência, embora a possibilidade do serviço privado ainda poderia ser disponibilizado.

No entanto, o texto foi votado em plebiscito em 4 de setembro e foi rejeitado. Foram 61,87% votos contra e 38,13% a favor. Foi a 1ª votação obrigatória no país desde 2012, e mais de 50.000 pessoas não compareceram.

À época, pesquisas mostraram que a população rejeitou a proposta depois da votação sobre o fundo de pensão privado, que propunha o fim da capitalização individual, no qual os cidadãos pagam pelas suas próprias aposentadorias.

Em entrevista ao Poder360 no ano passado, a professora de relações internacionais e economia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Clarissa Franzoi afirmou que o texto elaborado “pecava” em explicar aos cidadãos o que significa, na prática, cada uma das mudanças.

“As pessoas tendem a temer o desconhecido. Talvez falte o elemento de concretude nas diretrizes, mas é difícil que uma Constituição ofereça isso”, afirmou Franzoi. “Ela deve estabelecer diretrizes gerais da atuação do Estado. Os detalhes da política pública ficam para a regulamentação complementar posterior”, explicou.

A especialista afirmou também que a popularidade do presidente influenciou diretamente no resultado do plebiscito. Segundo pesquisa (PDF – 3 MB, em espanhol) do Cadem, 56% reprovavam o governo de Boric em agosto de 2022.

Esta reportagem foi produzida pela estagiária de Jornalismo Evelyn Paola sob supervisão do editor Lorenzo Santiago.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.