O coordenador do grupo jurídico Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho, criticou o posicionamento da Conib (Confederação Israelista Brasileira), que classificou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra no Oriente Médio como “perigosa”. Na última 2ª feira (13.nov.2023), Lula afirmou que a reação de Israel na Faixa de Gaza era tão grave quanto o ataque “terrorista” do Hamas que deflagrou o início do conflito.
Em entrevista ao Poder360, o advogado celebrou a atuação da diplomacia brasileira na guerra. Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro de 2023, o Brasil realizou 10 voos de repatriação de brasileiros que estavam em áreas de confronto, totalizando 1.477 pessoas e 53 animais de estimação.
“As pessoas estão perdendo a capacidade de compreender que é possível conciliar duas indignações: o repúdio veemente contra os ataques terroristas do grupo Hamas e uma igual indignação com a morte de civis na Palestina por ação de Israel, que não está buscando diálogo”, disse Marco Aurélio.
Em nota, o Conib disse que as falas de Lula durante evento para sancionar a reformulação da Lei de Cotas foram “equivocadas”, “perigosas” e “injustas”. Segundo a confederação, a declaração estimula uma visão distorcida e radicalizada do conflito. Eis a íntegra da nota (20 kB).
De acordo com o advogado, o posicionamento do Conib foi “infeliz”. Para Marco Aurélio, se posicionar contra os ataques de Israel em Gaza não é antissemitismo, assim como condenar as ações do grupo extremista Hamas não é islamofobia.
“Por um lado não dá para justificar os ataques terroristas do Hamas, nem por outro lado, dá para justificar as reações desproporcionais e genocidas de Israel. É possível conciliar ambas indignações, trabalhar pela paz, condenando os exageros e barbáries de um lado e de outro”, disse ao Poder360.
Lula voltou a criticar Israel depois de receber 32 pessoas repatriadas da Faixa de Gaza. Na ocasião, o presidente disse que o governo israelense também está “cometendo terrorismo” ao matar inocentes na região.
“Aos 78 anos, eu já vi muita brutalidade. Já vi muita violência e irracionalidade. Mas eu nunca vi uma violência tão bruta e desumana contra inocentes. Porque, se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo terrorismo”, afirmou.