De defesa de armas a fim de cotas, pauta conservadora é rejeitada por maioria

Publicado 15.09.2022, 10:39
© Reuters.  De defesa de armas a fim de cotas, pauta conservadora é rejeitada por maioria

Temas como oposição à criação de crianças por casais gays e fim da demarcação de terras indígenas também são desaprovados pelos brasileiros, mostra levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Raps, mas aborto é exceção: quase 42% querem veto total.

A pauta conservadora, quase toda identificada com o bolsonarismo - como a defesa das armas e a oposição às cotas raciais, à criação de crianças por casais gays e à demarcação das terras indígenas - é amplamente rejeitada pela população. É o que mostra pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) por meio do Datafolha.

A exceção é o aborto: 41,8% acreditam que a interrupção da gravidez deveria ser totalmente proibida, ao contrário do que já prevê a lei brasileira. Hoje, o aborto é permitido em casos de estupro, anencefalia e risco de vida para a mãe.A propensão de apoio à agenda dos direitos civis, humanos e sociais mostrou, por exemplo, que 82,2% dos brasileiros concordam totalmente ou simplesmente concordam com a ideia de que o Congresso Nacional deveria ter a mesma quantidade de homens e mulheres. Apenas 7,9% da população discorda total ou parcialmente da ideia de representação paritária de gênero entre deputados e senadores.Mas não foi só. A imensa maioria dos brasileiros afirmou haver racismo no País (83,4%) e somente 11,3% dos entrevistados negaram essa realidade. Outra maioria (64,7%) se formou para defender a ideia de que um casal homossexual (com dois homens ou com duas mulheres) pode criar filhos tão bem quanto um casal tradicional, formado por um homem e por uma mulher.

Entre diversos tópicos apenas uma das chamadas pautas conservadoras encontrou apoio majoritário: a proibição do aborto em qualquer situação tem o aval de quase 42% da população ante a rejeição de 36,2%. Além dessa, somente uma outra questão dividiu a população: os efeitos da reforma trabalhista feita no governo de Michel Temer (MDB). Ao todo, 39,7% dos entrevistados discordaram que as mudanças trouxeram mais empregos ante a concordância de 37,4%.

Cotas raciais

A pesquisa mostra ainda que 67,8% apoiam a adoção de cotas raciais nas universidades e no serviço público para a redução da desigualdade entre brancos e negros no Brasil, assim como 87,7% da população considera justo que uma pessoa muito pobre receba o Auxílio Brasil ou o Bolsa Família - esse número cresce para 92,1% quando se trata de ajudar quem está passando fome.

Outra pauta cara ao bolsonarismo rejeitada pela população é a ideia de que a sociedade brasileira seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência. Apenas 18,2% da população apoia essa proposta ante 66,4% que a rejeitam. Ainda na área da Segurança Pública, 67,6% afirmaram que melhorar as condições das prisões brasileiras é fundamental para reduzir o poder das facções criminosas nos presídios (19,2% discordam).Mais um tema bolsonarista rejeitado pela população está ligado às terras indígenas. Desde que assumiu, o presidente paralisou a demarcação de novas reservas. A pesquisa mostra que, ao todo, 82% da população concorda que os povos indígenas devem ter suas terras demarcadas.O apoio à imprensa também é grande na população. A pesquisa registrou que 75,9% acreditam que a liberdade de imprensa contribui para uma sociedade democrática, justa e transparente. Mesmo com esse apoio, o Brasil registrou piora na situação de trabalho dos jornalistas. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), entre janeiro de 2022 e abril de 2022, foram identificados 151 episódios de agressão física e verbal ou outras formas de cercear o trabalho jornalístico, como processos judiciais, assassinatos, assédio sexual e uso abusivo do poder estatal. Trata-se de um aumento de 26,9% considerando o mesmo período do ano passado.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.